O conflito no Leste europeu, entraves climáticos na Argentina e o câmbio favorável às exportações impulsionaram o mercado brasileiro de defensivos agrícolas para o trigo. Esses produtos movimentaram R$ 2,4 bilhões na safra de inverno 2022, contra R$ 1,5 bilhão do ciclo anterior, alta de 60%. Os dados são do estudo anual FarmTrak Trigo, da consultoria Kynetec, que recentemente adquiriu o controle da Spark Inteligência Estratégica.
Conforme o FarmTrak, o trigo já figura como a quinta maior cultura em transações com defensivos agrícolas no país, atrás da soja, cana-de-açúcar, do milho e algodão. “As exportações de trigo se encontram em níveis históricos, reforçando a necessidade de mais produtividade”, justifica Gabriel Pedroso, analista de inteligência de mercado da consultoria.
Segundo Pedroso, a área cultivada do cereal novamente avançou e ocupou 2,7 milhões de hectares na última safra. A Kynetec, diz o executivo, apurou crescimento médio de 9% das áreas de plantio nos últimos cinco anos. Os principais estados produtores, Rio Grande do Sul e Paraná, abrigam 91% da área coberta no estudo: 1,4 milhão de hectares e 1,1 milhão de hectares.
Em relação às exportações, a pesquisa destaca que os embarques do cereal totalizaram 2,5 milhões de toneladas, apesar do consumo interno na faixa de 12,3 milhões de toneladas, ou 2,8 milhões de toneladas acima da produção recorde de 9,5 milhões de toneladas, projetadas pela Conab no ciclo 2022.
Conforme a Kynetec, os herbicidas lideraram a comercialização de agroquímicos em trigo, com R$ 1,2 bilhão em vendas e 47% do total, um crescimento de 103% frente à safra 2021. Fungicidas foliares aparecem na segunda posição: R$ 743 milhões ou 30% do total, alta de 47%. Inseticidas foliares e insumos para tratamento de sementes mantiveram a participação: cada segmento acumulou 10% das vendas, R$ 224 milhões e R$ 177 milhões.
“Além do aumento de preços de insumos observado no segmento de herbicidas, alguns manejos tecnológicos também empurraram para cima essa categoria, como índices mais representativos de utilização de produtos para dessecação de colheita, graminicidas em dessecação de plantio e aplicações em pré-emergência”, ressalta Gabriel Pedroso. De acordo com ele, estes produtos totalizaram R$ 540 milhões.
Pedroso acrescenta ainda que na categoria fungicidas o controle da ferrugem do trigo permanece o alvo principal alvo, equivalente a R$ 378 milhões. O executivo lembra ter havido também aumento de 6% na adoção de produtos para manejo da doença oídio, para R$ 101 milhões. Insumos para manchas foliares e doenças de espiga arrecadaram R$ 222 milhões e R$ 35 milhões.
“No geral, o principal alvo das aplicações de agroquímicos no trigo é o capim azevém, que consome 18% do valor desembolsado pelo produtor ou R$ 450 milhões”, salienta Pedroso. Entre os inseticidas, finaliza ele, a maior movimentação se deu para ‘pulgões’, em torno de 60% ou R$ 134,4 milhões.