Criado em 1967 pelo Instituto Nacional de Metereologia, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o Boletim Agroclimatológico tem como objetivo disponibilizar informação meteorológica direcionada às atividades do campo. O boletim aborda, além da análise das condições climáticas observadas no Brasil, também um panorama dos fenômenos de grande escala que interferem no clima do País e do mundo, seguido por informações climáticas prognósticas exclusivas do boletim, visando auxiliar, com mais eficiência, o planejamento e as ações do setor agrícola.
No início do mês de março, o INMET divulgou o boletim mensal sobre as previsões para os meses de março, abril e maio. Confira abaixo o prognóstico de como vai ficar o clima em todas as regiões do Brasil.
A previsão climática produzida com o método objetivo (multimodelo – cooperação entre INPE, INMET e FUNCEME) indica predomínio de chuvas acima da média climatológica em praticamente toda a região, devido principalmente à atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) típica desta estação, principalmente no nordeste do Pará e leste do Amapá. Na divisa entre o norte de Rondônia e sul do Amazonas, a previsão é de chuvas próximas da média durante o trimestre (Figura 4a).
Já a previsão do balanço hídrico continua indicando a manutenção de áreas com armazenamentos hídricos superiores a 70% em praticamente toda a região nos meses de março e abril. Entretanto, em áreas do extremo sul da região, além do estado de Tocantins, a redução nas chuvas poderá impactar negativamente os níveis de água no solo a partir de maio. Já em áreas do extremo norte da região, como em Roraima, mesmo com previsão de chuvas dentro ou acima da média, os níveis de água no solo podem continuar baixos nos meses de março e abril, podendo haver uma recuperação no armazenamento apenas em maio (Figura 5a, 5b e 5c).
A previsão indica chuvas acima da média em praticamente toda a região. Coerente com o período chuvoso na parte norte, ocasionadas principalmente pela a atuação da ZCIT, além do padrão de águas ligeiramente mais aquecidas próximo à costa (Figura 4a). Já para o nordeste e sul da Bahia e sudeste do Piauí, são previstos menores volumes de chuva.
As temperaturas do ar devem ficar próximas ou acima da média histórica em quase toda região, exceto no norte dos Estados do Maranhão, Piauí e Ceará, onde as temperaturas devem ficar ligeiramente abaixo da climatologia nos próximos meses, devido a persistência de dias chuvosos (Figura 4b).
A previsão do multimodelo indica tendência da precipitação ser acima da média histórica nos Estados de Mato Grosso e Goiás, por conta ainda da canalização de umidade oriunda da Região Norte e que pode causar dias consecutivos com chuva. No Mato Grosso do Sul, por sua vez, são previstos totais de chuvas abaixo da climatologia do trimestre, com valores que podem ser menores que 300 mm no oeste do Estado (Figura 4a).
Em relação à temperatura média do ar, as previsões indicam que devem ficar próximas ou acima da climatologia nos próximos meses, principalmente no oeste do Mato Grosso do Sul (Figura 4b).
As condições climáticas observadas nos últimos meses foram favoráveis para o bom desenvolvimento dos cultivos de primeira safra em grande parte das áreas produtoras. Além disso, as chuvas dentro ou acima da média climatológica previstas pelo modelo, com exceção de áreas do Mato Grosso do Sul, poderão favorecer a manutenção dos níveis de água no solo e beneficiar as fases finais dos cultivos de primeira safra, como soja, milho, feijão e algodão, além do estabelecimento dos cultivos de segunda safra (Figura 5a, 5b e 5c).
São previstas chuvas abaixo da média histórica em grande parte da região, porém não se descarta chuvas mais localizadas sobre o litoral, devido a passagem de frentes frias, com volumes que podem ultrapassar os 400 mm, durante o trimestre (Figura 4a).
A temperatura do ar deve ficar próxima ou acima da média histórica na maioria dos Estados, porém em regiões mais elevadas do sul de Minas Gerais, Vale do Paraíba em São Paulo e região serrana do Rio de Janeiro, as temperaturas podem ficar mais baixas, a partir de maio (Figura 4b).
Assim como na Região Centro-Oeste, os grandes volumes de chuva observados nos últimos meses, principalmente em áreas do centro-sul da região também foram importantes para a manutenção do armazenamento de água no solo e o bom desenvolvimento dos cultivos de primeira safra. A previsão de chuvas dentro ou ligeiramente abaixo da média para os meses de abril e maio em grande parte da região pode beneficiar as fases finais dos cultivos de soja e milho primeira safra, porém afetará negativamente os níveis de água no solo, principalmente em áreas do norte de Minas Gerais, oeste de São Paulo e no Espírito Santo (Figura 5a, 5b e 5c).
A previsão é de chuvas abaixo da média climatológica nos próximos meses, principalmente no sul do Paraná e em Santa Catarina, porém no litoral da região os acumulados de chuva poderão ser mais elevados em relação as demais áreas (Figura 4a).
A temperatura do ar deverá prevalecer acima da média histórica durante o trimestre, principalmente no oeste do Rio Grande do Sul (Figura 4b). Entretanto, assim como na Região Sudeste, as áreas das serras gaúcha e catarinense poderão ter temperaturas inferiores a 15ºC.A redução das chuvas em grande parte da região que foi causada principalmente pela persistência do fenômeno La Niña, em especial no Rio Grande do Sul, causou restrição hídrica e impactos irreversíveis aos cultivos de primeira safra que se encontravam em estágios fenológicos mais sensíveis. Considerando o prognóstico climático, há previsão de que os níveis de água no solo ainda permaneçam baixos no Rio Grande do Sul, principalmente em áreas mais ao sul do Estado durante o mês de março, porém, nos meses seguintes há possibilidade de que os volumes de chuva possam auxiliar na recuperação do armazenamento. No Paraná e em Santa Catarina, mesmo que ocorram chuvas abaixo da média, os níveis de água no solo ainda poderão continuar elevados, devido principalmente aos altos volumes de chuva que foram observados nos últimos meses, o que pode beneficiar o estabelecimento dos cultivos de segunda safra e as fases finais dos cultivos de primeira safra (Figura 5a, 5b e 5c).