Com a gripe aviária, plantéis de aves, principalmente dos Estados Unidos e Europa tiveram que ser eliminados. A Nova Zelândia, outra grande produtora de ovos, passa por adequações na legislação que exige que galinhas, para essa finalidade, sejam criadas fora de gaiolas. Aqui no Brasil, felizmente livre de doenças, a produção segue, apesar dos produtores sofrerem com o alto preço dos insumos e de alguns, devido a isso, promoveram o descarte de poedeiras.
Nas últimas duas semanas, o consumidor goiano foi surpreendido com um aumento de mais ou menos 50 centavos no preço da dúzia de ovos, quando compradas nas distribuidoras. Em Goiânia, os do tipo pequenos, usados em restaurantes e lanchonetes, podem ser encontrados a R$ 6,50, os Jumbos brancos, maiores, a R$ 9,00 e os vermelhos a R$ 10,00. Nos supermercados o preço é um pouco maior.
O analista de mercado do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), explica que a exportação de ovos feita pelo Brasil é pequena e que a atual alta é motivada principalmente por um movimento de mercado. “As pessoas se acostumaram a comer mais ovos por ser uma proteína boa e mais barata do que a carne. Então temos mais gente comprando ovos, é a lei da oferta e da procura e não está relacionada, pelo menos por enquanto, com a gripe aviária”, afirma.
Com a chegada da quaresma, a partir da próxima semana, o consumo de ovos deve crescer ainda mais, diante da tradição católica de não comer carne em alguns dias da semana. "Isso pode sim trazer um novo aumento, afinal teremos mais gente comprando ovo. E o período coincide com redução na produção de ovos de galinhas caipiras, criadas livres. Entre dezembro e junho, elas podem sofrer com diminuição da produção de ovos, em razão da menor exposição à luz natural que o período oferece”, explica Penha.
Apesar de ser exótica em território nacional, a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) tem preocupado o mundo por ser uma doença viral altamente contagiosa e fatal que afeta aves domésticas e silvestres com graves consequências ao comércio internacional de produtos avícolas. A IAAP também pode ser transmitida para humanos, no entanto, não é uma doença transmitida pela carne de aves e nem pelo consumo de ovos.
Na América do Sul, países vizinhos já notificaram focos da doença, o que levou o Brasil a intensificar as medidas de prevenção.
O período de maior migração de aves do Hemisfério Norte para a América do Sul vai de novembro a abril. Por isso, neste momento, o trabalho que vem sendo realizado é o aumento das ações de vigilância pelo serviço veterinário oficial e órgãos ambientais e o reforço das medidas de biosseguridade nas granjas pelos produtores, com o objetivo de detectar rapidamente o eventual ingresso da doença no país e mitigar os riscos de sua disseminação.
Além de todo trabalho junto da cadeia de produção para proteger a criação avícola nacional e mitigar os impactos socioeconômicos de uma eventual ocorrência da doença em aves de produção comercial, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lançou a campanha “Influenza Aviária? Aqui não!”.
A campanha tem como foco sensibilizar cidadãos, médicos veterinários, avicultores e polícia ambiental sobre a importância das notificações imediatas de suspeitas, de estar atento ao comportamento anormal ou à grande mortalidade de aves comerciais, de fundo de quintal e silvestres, e saber as noções básicas de prevenção.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), esta temporada de ocorrência da IAAP continua com surtos em aves de produção e em outras aves, principalmente nas regiões da Europa e Américas. A recomendação é que se mantenham os esforços de vigilância e as medidas de biosseguridade nas granjas, visando evitar o contato direto e indireto de aves domésticas com aves silvestres, principalmente as migratórias aquáticas.
Até o momento, nenhum caso de gripe aviária foi confirmado no Brasil. Mas precisamos ficar alertas para as aves com sinais respiratórios, nervosos, digestivos ou alta mortalidade, inclusive em aves de vida livre. Nesses casos, avise imediatamente ao Serviço Veterinário Oficial de sua cidade ou pela internet na plataforma e-Sisbravet.