Exportações de café do Brasil registram 2,7 mi de sacas em julho

Em julho, primeiro mês da safra 2025/26, o Brasil exportou 2,733 milhões de sacas de 60 kg de café, o que representa queda de 27,6% em relação a julho de 2024. Apesar disso, a receita cambial chegou a US$ 1,033 bilhão, valor recorde para o mês, com crescimento de 10,4% no comparativo anual.

De acordo com Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, a redução nos embarques já era esperada devido aos estoques reduzidos e ao clima que impactou o potencial produtivo. No entanto, os preços elevados no mercado internacional sustentaram a receita.

No acumulado de janeiro a julho de 2025, o país exportou 22,150 milhões de sacas, recuo de 21,4% frente ao mesmo período de 2024. A receita cambial, porém, alcançou recorde para o período, totalizando US$ 8,555 bilhões, alta de 36% sobre o ano anterior.

Principais destinos e impactos do tarifaço dos EUA

Os Estados Unidos mantêm-se como maior comprador, com 3,713 milhões de sacas importadas, representando 16,8% do total. Apesar da queda de 17,9% em relação ao ano passado, o volume supera a representatividade anterior de 16%. Ferreira ressalta que o tarifaço de 50% imposto pelos EUA só entrou em vigor em 6 de agosto, portanto ainda não impactou os embarques. A expectativa é de que as indústrias americanas aguardem negociações devido aos estoques existentes.

Exportação de café do Brasil em julho mantém receita recorde apesar da queda nos embarques. Foto: Canva

Além dos EUA, os principais destinos entre janeiro e julho foram Alemanha (2,656 milhões de sacas, queda de 34,1%), Itália (1,733 milhão, -21,9%), Japão (1,459 milhão, +11,5%) e Bélgica (1,374 milhão, -49,4%).

O Cecafé mantém diálogo com governos e setores privados para buscar isenção da tarifa, principalmente para cafés solúveis e diferenciados. Ferreira enfatiza que a relação comercial entre Brasil e EUA é histórica e estratégica, e medidas temporárias compensatórias podem ser necessárias enquanto o desequilíbrio comercial persistir.

Exportações por tipo de café

O arábica lidera, com 17,940 milhões de sacas exportadas nos primeiros sete meses de 2025, representando 81% do total, apesar da queda de 13,3% frente a 2024. O café solúvel somou 2,229 milhões de sacas (10,1%), o conilon/robusta 1,949 milhão (8,8%) e o torrado/torrado e moído 31.755 sacas (0,1%).

Cafés diferenciados e receita

Entre janeiro e julho, cafés certificados ou de qualidade superior responderam por 21,5% das exportações brasileiras, totalizando 4,759 milhões de sacas, volume 8,8% menor que em 2024. A receita cambial foi de US$ 2,026 bilhões, representando 23,7% do total, aumento de 57,8% sobre o mesmo período do ano anterior. Os EUA lideraram as compras com 871.972 sacas (18,3%).

Portos de embarque

O Porto de Santos concentra a maior parte das exportações, com 17,809 milhões de sacas (80,4%). Em seguida vêm o Rio de Janeiro, com 3,429 milhões (15,5%), e Paranaguá (PR), com 208.950 sacas (0,9%).