Considerada uma das doenças emergentes mais ameaçadoras hoje na avicultura, principalmente para frangos de corte, a enterite necrótica foi subestimada durante muito tempo em relação à periculosidade na granja e ao impacto econômico acarretado por ela. No início dos anos 2000, porém, os produtores norte-americanos fizeram um cálculo e chegaram a um prejuízo da ordem de US﹩ 0,05/ave. Em escala mundial, o montante chegaria a US﹩ 2 bilhões. "Esse cálculo foi realizado a partir de aves assintomáticas e das que morriam em decorrência da infecção. Sabe-se que a predominância da enterite necrótica é em sua forma subclínica", explica o médico-veterinário Antônio Neto, Assistente Técnico de Aves da Zoetis. "Por isso é difícil precisar o prejuízo provocado por essa enfermidade, mas estudiosos estimam que seja em torno de US﹩ 5 a 6 bilhões por ano, a um custo estimado de US﹩ 0,0625/ave", acrescenta Neto.
Causada pela bactéria Clostridium perfringens, a enterite necrótica afeta frangos de corte, galinhas poedeiras, perus e codornas, e caracteriza-se por uma infecção intestinal aguda, não contagiosa, provocada por toxinas liberadas pelo agente causador.
A doença pode estar presente em granjas de diferentes formas - como infecção subclínica (crônica), com necrose intestinal focal, quadros diarreicos e acometimento hepático ou em sua forma clássica (aguda), em que ocorre uma enterite necrosante e quadros de mortalidade. "As formas leves e subclínicas da infecção são as que apresentam maior incidência e sua ocorrência vem crescendo com o passar dos anos em todo o mundo", reforça o médico-veterinário.
De acordo com o especialista, a constatação está atrelada às novas exigências internacionais de produção de aves, que proíbem o uso de antibióticos como promotores de crescimento (AGP). "O mercado tem exigido alternativas para prevenir a doença, para que os antibióticos sejam cada vez menos utilizados no processo de crescimento das aves", informa Neto.
Prevenção, controle e tratamento
"Hoje não existem vacinas para a prevenção da enterite necrótica, mas há boas práticas de manejo para seu controle, como uma nutrição adequada, a adoção de medidas de biosseguridade e a prevenção de fatores imunossupressores para as aves", diz Neto.
Enquanto a vacina não chega ao mercado, a indústria vem utilizando como alternativas probióticos, prebióticos, simbióticos, ácidos orgânicos, extratos vegetais, óleos essenciais e enzimas. "Todas essas opções têm como objetivo principal a saúde intestinal das aves e, consequentemente, melhores resultados zootécnicos e econômicos.
"Além disso, em casos de necessidade de tratamento é indicado o uso da Bacitracina Metileno Disalicilato, via ração ou via água de bebida, pois este terapêutico tem ação nas porções distais do intestino das aves, exatamente onde se encontra a maior quantidade do Clostridium perfringens", finaliza Neto.