À medida que as lavouras de trigo na região de Ijuí, que concentra a maior produção do cereal no Rio Grande do Sul, vão se encaminhando à metade final do ciclo, mais evidente ficam as perspectivas de um bom potencial de rendimento para o final da safra. Mesmo com as chuvas presentes no início do ciclo, adiando a semeadura do trigo, as lavouras, de forma geral, conseguiram ter um bom desenvolvimento. Com isso, o potencial produtivo construído até aqui tende a ser superior ao visto na safra passada. Para ajudar nesse cenário, as lavouras da região não sofreram perdas significativas com as geadas ocorridas nas últimas semanas. E visando a conclusão desta safra e o planejamento das próximas, mais de 250 pessoas, dentre multiplicadores de sementes, assistentes técnicos e representantes da indústria moageira da região participaram do Dia de Campo Biotrigo 2022. O evento ocorreu nesta quarta-feira (5), em Ijuí (RS).
Os dias de campo de trigo, tradicionais nesta época do ano, cumprem um papel importante no resultado final das safras. Isso porque esses eventos costumam ser o local para uma ampla transferência de tecnologia à assistência técnica, assim como uma grande troca de informações entre a Biotrigo e os participantes. “Nosso objetivo é poder repassar os dados gerados no nosso campo e apresentar as cultivares disponíveis, para que a assistência técnica esteja municiada com essas informações e o agricultor possa ser beneficiado nos anos seguintes”, indica o gerente comercial sul da Biotrigo, Tiago de Pauli. Dentre os materiais expostos nessa vitrine técnica, estiveram dois lançamentos de 2022.
Um deles é TBIO Motriz, cultivar que representa a evolução de TBIO Toruk. “Motriz, quando comparado ao seu antecessor, apresenta maior potencial produtivo e segurança no manejo a campo”, ressalta Tiago. A cultivar, que chega em uma plataforma de ciclo médio/tardio, similar a TBIO Ponteiro, permite uma antecipação da janela de semeadura. O material ainda oferece avanços relevantes em seu pacote fitossanitário, com evoluções no nível de resistência a manchas foliares, bacteriose e giberela.
O outro lançamento da Biotrigo em 2022 é o TBIO Capaz, cultivar que une uma farinha branqueadora junto a um conjunto agronômico equivalente a materiais de portfólio, como o TBIO Audaz. “A cultivar conta com um excelente tipo de planta, elevado rendimento, alta segurança de espiga e folha e ainda traz a característica de farinha branqueadora, o que tende a oferecer um diferencial competitivo na hora da comercialização”, comenta Tiago. Por seu ciclo superprecoce, o material também é uma ferramenta útil para o escalonamento de semeadura, podendo ser posicionado no fechamento da janela. Os dois lançamentos de 2022, TBIO Capaz e Motriz, entrarão em multiplicação a partir da próxima safra.
Precocidade e rendimento
Disponível já na próxima safra, TBIO Calibre promete mudar os padrões de rendimento dentro do ciclo superprecoce. “Devido ao número de espigas por metro quadrado que a cultivar produz, junto ao expressivo número de grãos por espiga, Calibre oferece um excelente potencial produtivo”, indica o supervisor comercial da Biotrigo, Gustavo Posser. A genética do material traz um tipo de planta moderno, com um porte mais baixo e uma ótima resistência ao acamamento, fator que permite um maior investimento na cultura do trigo. “Além disso, Calibre é uma cultivar equilibrada para as principais doenças, como o oídio, mosaico e ferrugem da folha. No geral, é um trigo fácil de manejar no campo”, cita Gustavo. Para dar ainda mais segurança ao produtor, Calibre proporciona um excelente nível de resistência à germinação em pré-colheita, o que pode ser importante em anos com ocorrência de chuvas no final do ciclo do trigo.
Para colher trigo sempre
Considerando as amplas diferenças climáticas safra após safra nas regiões produtoras de trigo no Brasil, um novo produto ganha destaque. Disponível ao produtor já a partir de 2023, XBIO Fusão é a mistura entre duas cultivares de trigo, TBIO Audaz e TBIO Sagaz, e tem como seu principal destaque uma maior estabilidade produtiva na lavoura. “Com a mistura entre esses dois genótipos, há um efeito de compensação. Ou seja, a condição climática ou de ocorrência de doenças apresentada em uma safra, causa menos impacto na lavoura devido à menor suscetibilidade de um dos componentes da mistura”, afirma Gustavo. XBIO Fusão, segundo ele, traz evoluções em alguns pontos de Audaz, como uma curva de progressão mais lenta ao oídio e uma panificação ainda mais destacada, incluindo a cor mais clara da farinha produzida pelo mix. “É uma evolução praticamente perfeita, pois a indústria ganha uma mescla com excelente performance e o agricultor ganha mais estabilidade em sua produção, aumentando a sua taxa de sucesso no campo”, avalia.
Mais rendimento e qualidade destacada
O projeto Trigos Especiais conta com duas novidades, tanto para o mercado de panificação, quanto para a indústria de biscoitos e confeitaria. TBIO Blanc, cultivar branqueadora, estará disponível ao agricultor na próxima safra e traz evoluções em termos de potencial produtivo quando comparado ao seu antecessor, Noble. “Blanc é altamente produtivo, com potencial comparado a materiais de portfólio, como o TBIO Ponteiro, e ainda traz avanços em seu pacote fitossanitário, facilitando o manejo do produtor”, aponta o supervisor de novos negócios da Biotrigo, Rodrigo Gutierrez. Outra cultivar que compõe o projeto e oferece um alto potencial de rendimento ao agricultor no segmento de biscoitos é o TBIO Ênfase, lançado em 2022. “Essa cultivar tem origem em um programa específico para atender a indústria de biscoitos e confeitaria e faz parte de um projeto de segregação, entregando uma evolução relevante do ponto de vista agronômico”, aponta.
Trigos largos: um novo conceito
O dia de campo ainda contou com a apresentação de mais uma novidade, que representa a introdução de uma nova tecnologia no Brasil. Trata-se dos trigos de ciclo largo, que, nas linhagens apresentadas, possuem de sete a dez dias a mais do que os trigos médio/tardios, como TBIO Ponteiro. Conforme o gerente de melhoramento da Biotrigo, Ernandes Manfroi, um ciclo mais longo pode auxiliar o agricultor de diversas formas. “Isso permite que a semeadura do trigo seja ainda mais antecipada, reduzindo a janela em que o solo fica em pousio. Além disso, esse fator auxilia no combate às plantas daninhas e promove um melhor aproveitamento do nitrogênio residual da cultura antecessora, geralmente a soja”, destaca. No fim das contas, é esperado que os trigos de ciclo largo consigam entregar maior rendimento e estabilidade produtiva, o que traz benefícios para o sistema de produção e mais rentabilidade à propriedade.