O aumento de juros é um remédio amargo, mas ele é sim adequado para a tentativa de controle da inflação. Isso porque quando nós estamos numa escalada de preços muito acentuada como a que vivemos nos últimos tempos, é preciso que você freie a velocidade do consumo, segundo Leandro Vasconcellos, CFP e sócio da BRA. Para ele, uma das formas de fazer isso é aumentando o custo do dinheiro. Então quando você aumenta os juros o dinheiro fica caro, as empresas pegam empréstimos mais caros e reduzem também os próprios investimentos, as pessoas tendem a consumir menos e isso faz com que os preços acabem se estabilizando.
"Mas medidas adicionais também deveriam ser adotadas junto com o aumento das taxas de juros. Por exemplo, o governo poderia reduzir os próprios gastos. Quando o governo que é um grande consumidor também corta na própria carne e reduz os próprios gastos, ele tá contribuindo pra que a inflação pare de subir". afirma. A elevação da Selic acaba sendo um remédio amargo, embora seja efetivo e o principal efeito colateral colateral desse remédio é que o crédito acaba ficando mais caro sim, e a maioria dos consumidores que dependem do crédito para poder concluir uma compra ou realizar um sonho, um carro por exemplo, acabam tendo que adiar porque o custo do dinheiro ficou mais alto, o crédito ficou mais caro, então essa iniciativa, essa decisão de consumo também é postergada e é justamente por isso, aliá, que a inflação a ser controlada.
Para Rafael Marques, CEO da Philos Invest, o resultado do COPOM saiu em linha com o esperado, subiu mais 0.5%, ou seja, elevou a taxa para 13.25%, reforçando o que ele já vinha falando pro mercado. " Mesmo com os indicadores da última semana se deteriorando, o Banco Central com esse aumento de taxa, que é um pouco menor do que a última que tinha sido feita de 0.75, mostra pro mercado que, de fato, a gente tá chegando no fim do ciclo de alta, de taxa de juros aqui no Brasil", afirma. A grande dúvida que fica agora pro mercado é que se depois da na próxima reunião, o mercado ainda não sabe se ele vai reduzir de fato. No entanto acho que a grande dúvida que fica pra frente é se nós vamos ter a manutenção da taxa nesse patamar durante um bom tempo pra frear os números de inflação.
Espera-se que a inflação agora no segundo semestre, alguns dados da janela de 12 meses saiam lá atrás e ela tenha uma queda na janela de 12 meses, ou seja, ajudando a inflação caminha para um patamar um pouco mais baixo do que ela tinha fechado ano passado. "Então, de certa forma, eu acredito que o Banco Central continua ainda monitorando os indicadores de mercado, deixando em aberto uma porta para caso necessário, caso o mercado se deteriore, ele tenha um novo aumento e um aumento mais forte para conter os números de inflação", salienta.
Já na opinião de João Beck, economista e sócio da BRA, com o comunicado, o Copom sinaliza que ainda quer subir mais 50 ou 25 pontos na próxima reunião. "Imaginar que nossa taxa Selic fosse chegar próxima de 14% era impossível há um semestral atrás. Mas estamos chegando perto e graças ao ciclo de commodities mais favorável e a reabertura da economia não passamos por uma recessão", afirma.
Novas incertezas surgiram no arcabouço fiscal, um perigo que ficou adormecido durante meses. A redução temporária de impostos incidentes sobre os combustíveis pode levar a um efeito “rebote” desancorando as expectativas de inflação para 2023.