Aos 77 anos, Carlos Carvalho da Silva tem uma longa história de dedicação ao meio ambiente e à agroecologia. Estudou gestão e educação ambiental e fez vários cursos relacionados ao tema, dentro e fora do Brasil. Morou na Europa por mais de 29 anos, entre cidades da Itália, França, Alemanha e Suíça, onde, na maior parte do tempo, trabalhou no setor de administração de bolsas de estudo na Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra.
Ao retornar ao Brasil, não parou. O paranaense passou a dedicar seus dias à produção rural em uma chácara de sistema agroflorestal – implantado por ele mesmo – no município de Antonina, região litorânea do Paraná. Além disso, foi presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR), em que promovia cursos do SENAR-PR por meio da então Emater (atual IDR-Paraná), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da agricultura da região e incentivar a profissionalização dos produtores.
Neste período, participou de cursos nas mais diversas áreas: alimentos, artesanato, agricultura orgânica, apicultura, entre outros. “Como presidente do CMDR, além de incentivar os cursos, eu participava, dava apoio e acompanhava todo o aprendizado”, conta Silva.
Após a aposentadoria, Silva passou a dedicar mais tempo à educação. Ele participa dos cursos disponibilizados no Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e atua como voluntário em uma comunidade, nas áreas de gestão ambiental e implantação de sistema agroflorestal. Além de continuar aprendendo, passou a utilizar o espaço de sua propriedade em Antonina para a oferta de capacitações e, sempre que possível, para transmitir o conhecimento que adquiriu ao longo dos anos.
“A gente não para de aprender. Então, qualquer curso que a gente faça, é sempre um enriquecimento. E em especial nessa questão relacionada ao meio ambiente e agricultura. Uma agricultura sustentável, sobretudo, uma agricultura que regenera o solo e que tem diversidade. Tudo aquilo que é propício à natureza, dá um bom retorno, sem dúvida”, destaca.
Um dos últimos cursos realizados por Silva foi o de motosserra, do SENAR-PR, para contribuir com as atividades realizadas na chácara. “Eu ainda não havia feito curso nessa área. Tudo que sabia aprendi com vizinhos e colegas. Mas sei como é muito importante ter uma formação mais completa, principalmente com a questão de uso dos EPIs [Equipamento de Proteção Individual]. A segurança é fundamental na operação dos equipamentos”, avalia.
Em relação à chácara, era um sonho de longa data de Silva, mas que não conseguiria realizar morando na Europa, pois o preço da terra é muito alto. De volta ao Brasil, não teve dúvidas. “Meu pai plantava café, depois passou a ser pecuarista. Então, está nas veias essa vontade de trabalhar com a terra. A gente aprende muito com as plantas. Acho que isso é o que me motiva”, reflete o produtor.
Atualmente, Silva está em processo de transição com a propriedade – vendeu a chácara em Antonina, comprou um lote em Campina Grande do Sul (RMC), e vai dar início às atividades produtivas na região. A escolha foi para ficar mais perto da família e dos recursos da cidade. Além de se dedicar às atividades na chácara, Silva quer aproveitar o tempo livre para explorar outras áreas.
“Eu vou abrir espaço para outras atividades e quero ter um tempo para escrever”, compartilha. “Hoje, com 77 anos, ainda tenho bastante energia para dar continuidade ao que eu faço. Acho que isso deve ser um incentivo para outras pessoas que são aposentadas e que ainda têm disposição para fazer alguma coisa, porque a gente não pode parar”, conclui.