Um estudo conduzido em Guarapuava, no Centro-Sul do Paraná, vai analisar o quanto as boas práticas agrícolas podem compensar emissões de gases do efeito estufa. Coordenado pela professora Aline Marques Genú, o subprojeto faz parte da Rede de AgroPesquisa e Formação Aplicada Paraná (Rede AgroParaná), iniciativa que conta com recursos do governo do Estado e do Sistema FAEP/SENAR-PR. Implantado em 2019, o subprojeto está em fase de coleta de dados.
Os pesquisadores vão monitorar e comparar o desempenho de três áreas – chamadas megaparcelas –, conduzidas de formas diferentes. Na primeira, foi adotado um sistema sem terraceamento e o trânsito de máquinas no sentido “morro-abaixo”. Em outra megaparcela, são usadas as mesmas práticas, mas com uso de terraço de nível. Já a terceira área foi mantida com boas práticas: rotação de culturas, com soja e milho no verão, plantas de cobertura no período outonal e culturas de inverno, como trigo e aveia.
Para fazer as análises, o subprojeto adquiriu um equipamento chamado Automated Soil CO2 Flux System (Cflux-1), que contém uma câmara que captura e analisa os gases resultantes da “respiração” do solo e afere a quantidade de gás carbônico (CO2) capturado pelo solo. Com base na literatura científica, o estudo parte da premissa de que as boas práticas agrícolas têm potencial de compensar entre 20% e 30% as emissões de gases do efeito estufa. Os resultados obtidos nas três megaparcelas serão analisados pelos pesquisadores.
“Vamos fazer a comparação de desempenho entre as megaparcelas. Quanto maiores a rotação de culturas e as boas práticas, maior será a presença de CO2 no solo”, explica Aline. “Portanto, a utilização de maior número de espécies no sistema de cultivo pode contribuir significativamente para a incorporação do CO2 atmosférico à biomassa vegetal, reduzindo a concentração desse gás na atmosfera e, consequentemente, minimizando seus efeitos no que diz respeito à elevação da temperatura global”, acrescenta a professora.
Em outra frente, o estudo também vai promover uma análise da cobertura vegetal da bacia hidrográfica avaliada. Para isso, os pesquisadores vão partir de imagens captadas por drones e satélites. “Faremos o monitoramento da cobertura vegetal com o objetivo de observarmos alterações que possam ocorrer durante o ciclo das culturas, especialmente após precipitações pluviométricas elevadas. Isso permitirá que ações de controle sejam definidas”, aponta a pesquisadora.