A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT), se manifestou em boletim oficial na sexta-feira, 18/08, contrária a autorização de cultivo excepcional de soja em Mato Grosso a partir de 01 de setembro de 2023. O pedido foi apresentado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no dia 11/08 pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).O presidente da Aprosoja/MT, Fernando Cadore, afirmou que a decisão afronta aos mais de 8 mil associados da Aprosoja/MT.
"Independentemente das recentes discussões acerca do calendário do plantio da soja no estado, para esta Associação e seus associados, o período do vazio sanitário da soja de 90 dias, sempre foi sagrado, e considerado medida mais eficaz contra a proliferação da ferrugem asiática nas lavouras de soja no Estado", afirma Cadore em ofício. Segundo e entidade, o
posicionamento segue o mesmo entendimento da Embrapa divulgado recentemente.
Para Cadore, causa surpresa ainda, que nenhum argumento técnico substancial foi apresentado pela Ampa e pelo Mapa para justificar tal medida. "Nem sequer a Embrapa foi consultada a respeito", indigna-se o presidente da Aprosoja/MT. No boletim, a entidade afirma que a solicitação da Ampa e o ofício do Mapa são contrários à recente PORTARIA SDA/MAPA Nº 865, DE 2 DE AGOSTO DE 2023, que Institui o Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja - Phakopsora pachyrhizi (PNCFS) no âmbito do Ministério da Agricultura e Pecuária, a qual em seu Art. 7º, § 2º, define que “A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, na condição de Instância Central e Superior do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária, que lhe confere o inciso II do Artigo 22 do Decreto nº 11.332, de 2023, estabelecerá anualmente, em ato normativo próprio, os períodos de vazio sanitário em nível nacional, com pelo menos 90 (noventa) dias sem a cultura e plantas voluntárias no campo”.
Ainda conforme referida portaria em seu Art. 7º, § 3º, “os períodos de vazio sanitário serão estabelecidos com base em dados de pesquisa científica, do monitoramento da praga na safra anterior, nos resultados dos ensaios de eficiência de fungicidas, nas condições edafoclimáticas, entre outros”. (Grifo nosso). A Aprosoja/MT questiona se para esse plantio excepcional de soja, solicitado pela Ampa, o qual invade o período de vazio sanitário já estabelecido pelo estado de Mato Grosso. "Não temos informação nem sequer se a Embrapa foi consultada para analisar e mensurar os riscos de proliferação da ferrugem asiática diante tal medida", afirma Cadore.
A entidade informa que segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o valor bruto da produção (VBP) da agropecuária projetado para 2023 será de R$ 201,48 bilhões, sendo a produção de soja responsável por 50,41% deste valor ante 12,45% representado pela produção de algodão. Em relação à área de produção, a soja representa mais de 12 milhões de hectares no estado ante 1,2 milhões de hectares de algodão.
"Desta forma, a medida tomada pelo Mapa por meio do Ofício nº 186/2023/DSV/SDA/MAPA, coloca em risco a principal cultura agropecuária do Estado", afirma também o boletim da Aprosoja/MT. "Assim sendo, a Aprosoja/MT vem se manifestar veementemente contra a antecipação do plantio da soja no Estado de Mato Grosso para a data de 1º de setembro de 2023, tendo em vista os riscos e ilegalidades acima apontados", conclui o documento da entidade.