O certificado do primeiro lote de algodão chancelado pelo Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro – certificação voluntária/autocontrole – Mapa, desenvolvido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foi entregue, ontem (22), pelo ministro Carlos Fávaro, à indústria têxtil internacional China Corporation Limited, a Chinatex, em cerimônia promovida pela Abrapa, em Brasília. A entrega finaliza uma semana de imersão da cúpula da estatal chinesa aos estados de Mato Grosso e Bahia, respectivamente, primeiro e segundo maiores produtores da fibra no Brasil, bem como à sede da Abrapa, no Distrito Federal, onde conheceram o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA).
A certificação oficial atesta a veracidade dos laudos de High Volume Instrument (HVI) emitidos pelos laboratórios brasileiros. Isso dá ao comprador a segurança de que as amostras analisadas – e que serviram de referência para a comercialização do produto – correspondem e representam os fardos adquiridos e que a análise à qual foram submetidas respeitou os padrões internacionais. O Brasil possui 12 laboratórios que somam 74 máquinas HVI, integrantes do programa de qualidade Standard Brasil HVI (SBRHVI), da Abrapa.
O lote entregue à Chinatex foi produzido no estado de Mato Grosso e pesa 200 toneladas. O documento oficial, de mais de 30 páginas, com os índices das características intrínsecas daquele algodão, afirma que “os fardos descritos foram amostrados e avaliados por instrumento de alto volume sob sistema de identificação, rastreabilidade, controle e monitoramento do Ministério da Agricultura e Pécuária- MAPA (Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro)”.
Referência
“O algodão brasileiro está sempre na vanguarda, buscando melhorar os processos para ganhar mercado e virar uma referência para todos os outros produtos brasileiros”, destacou o ministro Carlos Fávaro, na ocasião. Ao entregar o certificado à presidente da Chinatex, Yuan Fei, Fávaro disse que a certificação é muito importante, “principalmente, na nossa relação com a China, quanto à qualidade, a certificação e a rastreabilidade do algodão produzido no Brasil. Tenho certeza de que isso irá contribuir para dar agilidade às negociações, vencendo etapas como a reclassificação, evitando retrabalho, e, consequentemente, remunerando melhor os nossos produtores”, projeta Fávaro.
A Chinatex é a maior compradora de algodão no país asiático. O conglomerado consome em torno de dois milhões de toneladas de pluma importada, ao ano, e responde por uma cadeia integrada na produção têxtil, com fiação, tecelagem, além de exportação e importação de produtos acabados. Nos últimos cinco anos, a companhia comprou 400 mil toneladas de algodão do Brasil, e o país atualmente participa com 20% do montante importado pela estatal.
Reconhecimento
Para o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, a certificação oficial é um reconhecimento da qualidade do algodão brasileiro. “Já produzimos um dos melhores algodões do mundo, e, agora, a análise e a amostragem da pluma estão chanceladas pelo Governo Federal. Isso é segurança para os nossos clientes, dentro do Brasil e nos mercados internacionais. Essa parceria com o Mapa nos fez sermos os pioneiros no ‘autocontrole’ no país e, para tanto, um grande esforço foi feito em capacitação de inspetores. Isso é motivo de muita alegria para nós”, disse Schenkel.
O presidente da Abrapa afirmou, ainda, que a vinda da Chinatex para conhecer o modelo brasileiro de produção de algodão é parte do trabalho da iniciativa Cotton Brasil, que reúne, além da Abrapa e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), a ApexBrasil. Presente à solenidade de entrega do certificado, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, disse não ter nenhuma dúvida de que o Brasil em breve será o maior exportador de algodão do mundo, e o trabalho do Cotton Brazil, agora impulsionado pela certificação oficial, está sendo essencial para isso. “Hoje foi um momento histórico para o algodão brasileiro. Tenho certeza de que este programa vai prosperar e o Brasil ganhará ainda mais espaço no mercado internacional”, concluiu Viana.