Ao contrário de outras culturas, como a soja e o milho, por exemplo, a uniformidade dos lotes de trigo que chegam aos moinhos é um dos critérios mais importantes de análise de qualidade. Não basta que o grão seja fisicamente apto, a entrega de um produto puro e homogêneo é um grande diferencial. Essa é uma das razões pelas quais os projetos de segregação ganham cada vez mais espaço. Além de garantir qualidade na entrega, a identidade preservada beneficia todos os elos da cadeia, do produtor ao consumidor final. O Projeto Trigos Especiais, desenvolvido pela Biotrigo Genética nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, nasceu em 2015 com a cultivar TBIO Noble e com o objetivo de atender à essas necessidades específicas do mercado.
Norberto Risson dos Santos, proprietário da corretora Serra Grãos, parceira na comercialização do grão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e no Paraná, acompanha o projeto desde o começo. "Iniciamos em 2015 e agora 100% da indústria já tem interesse pelo TBIO Noble. Isso porque é um trigo que tem rastreabilidade, o que é essencial. Para a indústria é excelente ter um material com essas especificações para poder melhorar os outros lotes e produzir uma farinha com a qualidade que o mercado exige, além de ser uma opção para substituir trigo importado", garante.
Bons resultados também no campoNo campo, o desempenho da cultivar também vem agradado os produtores. Jeferson Napoli é médico veterinário e produz o TBIO Noble em sua propriedade, em Castro, no Paraná, desde 2016 quando alcançou uma produtividade média de 6.763 kg/ha em um talhão de 23 hectares. Desde então, a cada ano a área semeada só aumentou. "É uma cultivar que apresenta um excelente teto produtivo e uma característica importante de ser farinha branqueadora, o que proporciona um ágio de preço no momento da venda". Para ele, o projeto ajuda a fortalecer a triticultura e a qualidade do trigo nacional. "O produtor não pode mais olhar o trigo como uma cultura de baixo investimento. Precisamos ser cada vez mais profissionais na triticultura", complementa.
Qualidade industrialA grande vantagem para o moinho é receber o material segregado em que se possa realizar testes com garantia total dos resultados finais. É o que explica o gerente do Moinho Rio Azul, de Céu Azul, também no Paraná, Paulo Henrique Zanini. Segundo ele, os trigos de cultivares branqueadoras têm vantagens em certos nichos. Os pães têm uma aparência mais branca e crosta mais crocante e as massas apresentam coloração mais branca e menos amarelada, uma característica exigida pelo mercado. "O grande diferencial do TBIO Noble é que além de ser uma cultivar branqueadora, é também melhorador, e isso auxilia principalmente na qualidade final do pão, melhorando volume, salto de forno e estabilidade de fermentação".
Participação por adesãoJá bastante consolidado no Rio Grande do Sul, o projeto ganha um aporte maior também nos estados do Paraná e São Paulo, onde se concentram 50% dos moinhos brasileiros. Everton Garcia explica que o TBIO Noble é um projeto de exclusividade e por adesão que visa liquidez e remuneração distinta aos produtores. "Entregamos uma tecnologia diferenciada, com credibilidade e que tem a preferência dos moinhos já há alguns anos e, em contrapartida, buscamos a lealdade entre os participantes, o respeito mútuo e o compromisso com a qualidade industrial do produto", finaliza.