Tomate
02-03-2021 | 23:23:00
Por: Minist
Pesquisadores identificam fungos que estimulam crescimento de tomate
Resultados abrem potencial para novos bioprodutos, que reduzam o uso, por exemplo, de fertilizantes
Por: Minist
Os ensaios foram feitos com isolados de Metarhizium robertsii, M. humberi e M. anisopliae, todos nativos do Brasil. Atualmente, os fungos do gênero Metarhizium têm sido empregados no país em mais de 2 milhões de hectares de cana para controle de cigarrinhas das raízes e das folhas.
Os pesquisadores observaram que os três isolados produziram compostos importantes para a planta ao atuar na aquisição de fósforo e ferro, além de contribuírem na defesa contra doenças. Esses efeitos são promovidos pelos chamados microorganismos promotores de crescimento de plantas (MPCP), grupo do qual esses fungos também fazem parte.
A partir dos resultados encontrados, os cientistas planejam o uso integrado ou combinado do M. robertsii com o M. humberi. O primeiro é mais eficiente para colonizar o tomateiro e o segundo obteve desempenho superior na produção de importantes metabólitos nos ensaios in vitro.
“Por isso, juntos, eles teriam bom potencial como promotores do crescimento do tomateiro e poderão ser explorados para outras espécies vegetais de importância econômica”, avalia a recém-doutora Ana Carolina Siqueira, principal autora do trabalho que foi desenvolvido durante seu doutorado pela Esalq-USP.
Microaliado da agricultura
Metarhizium é um fungo que pode ser usado no controle biológico de pragas agrícolas, bem como promover o crescimento de plantas. É um fungo filamentoso da ordem Hypocreales e família Clavicipitaceae e usado em aplicações agrícolas como inseticida biológico. Um exemplo é o controle da cigarrinha das folhas e raízes da cana-de-açúcar.
Os estudos revelaram que as mudas inoculadas tiveram incrementos substanciais em características vegetativas e reprodutivas. A inoculação com M. robertsii produziu plantas mais altas, raízes mais longas e acumulou mais massa seca de parte aérea e raiz. Já o número de flores e a quantidade de massa fresca dos frutos aumentaram significativamente com a inoculação M. robertsii e M. humberi, em relação às plantas não inoculadas.
“Plantas inoculadas com M. robertsii ou M. humberi aumentaram a expressão de GUS, que é um promotor sintético auxina-responsivo, confirmando que o Metarhizium induz e aumenta a expressão do gene que regula a síntese de auxina na planta,” relata Siqueira. A auxina é um hormônio vegetal responsável pelo movimento que faz a planta acompanhar os raios solares e aproveitá-los melhor. A substância é fundamental para o desenvolvimento do caule, raízes e frutos.
“As três espécies de Metarhizium foram capazes de produzir o hormônio vegetal auxina em diferentes concentrações in vitro”, relata. “Também estudamos a produção de compostos-chave, incluindo enzimas, hormônios e metabólitos envolvidos na promoção do crescimento das plantas,” relata a estudante. Parte dos resultados foram publicados na revista Frontiers in Sustainable Food Systems.
Os pesquisadores atestaram que todos os isolados de Metarhizium produziram compostos que atuam na aquisição de fósforo e ferro pelas plantas e contribuem para o sistema de defesa contra doenças.
“Os resultados dessa pesquisa ampliam as funções benéficas desse agente de biocontrole que pode atuar também como inoculante biológico, promovendo o crescimento e vigor de plantas, não só do tomateiro, mas também de culturas agrícolas de grande importância econômica, tais como soja, algodão, milho, cana-de-açúcar, feijão, apenas para citar algumas,” relata o pesquisador da Embrapa Gabriel Mascarin, um dos coautores da pesquisa.
O cientista acredita que, diante de todos os benefícios promovidos pelo Metarhizium, é esperada a expansão de seu uso no mercado de bioinsumos. “Essa adoção deve ser acelerada e ampliada para diferentes culturas agrícolas, com a vantagem de ser um produto polivalente e que contribui para a sustentabilidade da agricultura,” analisa Mascarin.
Um dos principais produtos agrícolas brasileiros, o tomate é produzido em todas as regiões, com destaque para os estados de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, que concentram mais da metade da área e produção nacional e onde se encontram as principais indústrias processadoras de tomate.