O Fórum do Biogás, o maior evento do setor na América Latina, realizado pela Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) em São Paulo, nos dia 13 e 14 de novembro, chega à sua décima edição, debatendo o presente e o futuro do biogás e do biometano.
Durante o evento, projeto GEF Biogás Brasil e a ABiogás revelaram a primeira estimativa de redução de emissões de gases de efeito estufa pelo setor de biogás no Brasil. O biogás e o biometano são essenciais para a transição energética em diferentes meios de atuação, como na geração de energia elétrica, no setor de transportes, na produção de hidrogênio renovável e biofertilizantes.
Além disso, podem ser produzidos a partir de resíduos do saneamento básico, do setor sucroenergético, da produção agrícola e da criação de animais. O setor é um grande potencializador da economia circular na cidade e no campo, permitindo o uso de materiais que, antes, seriam descartados.
O estudo inédito do projeto GEF Biogás Brasil utilizou como ponto de partida dados da ABiogás sobre o potencial teórico de produção de biogás no país. Já as metodologias para o cálculo de geração de emprego e de redução de emissões de GEE foram desenvolvidas pelo projeto GEF Biogás Brasil.
Panorama do setor
Atualmente, com tecnologias já maduras, o Brasil conta com 885 plantas de biogás. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de 2021 a 2022, a contribuição do biogás para a oferta interna de energia passou de 376 mil para 438 mil tep (Tonelada Equivalente de Petróleo).
No setor elétrico, a maior parte das plantas é de micro e minigeração distribuída. Até abril de 2023, eram 116 MW de potência instalada, divididos em 469 unidades, provenientes de diferentes matérias-primas. As plantas de geração centralizada eram 246 MW de potência instalada, divididos em 50 unidades. Quanto aos estados, Minas Gerais é o de maior desenvolvimento de plantas de biogás para geração de energia elétrica, com 193 plantas. O Paraná conta com 91 e, em Santa Catarina, funcionam outras 47 plantas.
O país possui hoje 20 plantas de biometano, com uma produção estimada em 985 mil m³ por dia, de acordo com o CIBiogás. Destas, 14 são destinadas ao consumo no próprio local de produção. As outras seis são voltadas para comercialização, devidamente autorizadas pela ANP, com uma capacidade instalada de 417 mil m³ de biometano por dia.
No entanto, projetos já mapeados pela ABiogás apontam para 87 plantas em 2029, o que resultará em uma produção de 6,6 milhões de m³ de biometano por dia. Mais da metade desses empreendimentos é de resíduos de saneamento (52%), seguido pelo setor sucroenergético (42%), produção agrícola (5%) e proteína animal (1%).
Liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o projeto é implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e conta com o CIBiogás como principal entidade executora.
O levantamento de dados nacionais, regionais e estaduais atende a uma demanda que o setor do biogás possui que é quantificar os impactos ambientais e sociais positivos que a produção e o consumo de biogás podem gerar para o Brasil.
Gustavo Ramos, coordenador nacional do projeto GEF Biogás Brasil e assessor da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), destacou a importância da iniciativa. “Esses dados irão auxiliar, principalmente, os gestores públicos, agentes políticos e a sociedade civil na tomada de decisões em direção a uma economia circular e sustentável. Nosso estudo também pode servir como referência para a construção e implementação de políticas públicas voltadas ao setor de biogás, desde a esfera federal até a municipal.”
O projeto GEF Biogás Brasil tem o objetivo de fortalecer as cadeias de produção, comercialização e inovação tecnológica no setor de biogás e biometano, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa e estimulando a economia circular no Brasil.
A Abiogás foi fundada em 2013, da união de pessoas e empresas que buscam o aumento da participação do biogás na matriz energética brasileira. A entidade tem mais de 150 empresas associadas, entre representantes de toda a cadeia de produção do biogás.
Com responsabilidade na atuação junto aos órgãos competentes e o compromisso com a divulgação de informações relevantes, a entidade, seus associados e parceiros visam sempre alcançar os melhores e mais transformadores resultados para a sociedade brasileira.