Safra de soja do Paraguai sobe para 8,69 milhões de toneladas
País revisa para cima a estimativa de sua safra 2024/25, apesar dos desafios climáticos em algumas regiões

Paraguai eleva projeção da safra de soja 2024/25 para 8,69 milhões de toneladas em junho, com produtividade média de 2,2 t/ha. Foto: Canva

A projeção para a safra paraguaia de soja 2024/25 foi ajustada para cima, indicando um aumento notável na produtividade em comparação com o ano anterior. Segundo o relatório de junho da StoneX, o ciclo anterior registrou apenas 1 tonelada por hectare, enquanto os resultados atuais apontam uma média de 2,2 t/ha, com algumas áreas alcançando até 3 t/ha.
A estimativa consolidada da StoneX para a soja no Paraguai, que inclui a safra principal e a safrinha, totaliza 9.934.900 toneladas em junho. Esse volume representa uma leve redução de 0,69% em relação às 10.004.900 toneladas previstas em maio.
"A safra principal foi estimada em 8,69 milhões de toneladas para junho de 2025. Esse acréscimo se deve, em grande parte, à recuperação observada no Chaco. Estima-se que entre 30% e 35% da soja dessa região já foi comercializada. Como o plantio ocorre mais tarde, a comercialização avança de forma mais lenta", explica Larissa Barboza Alvarez, analista de Inteligência de Mercado na StoneX.
As regiões Oriental e Ocidental do Paraguai, separadas pelo Rio Paraguai, apresentaram condições climáticas distintas durante o ciclo produtivo. "Enquanto a Região Oriental já concluiu a colheita da safra, no Chaco – que integra a Região Ocidental – o trabalho ainda está em andamento", detalha Larissa.
A Região Ocidental enfrentou chuvas intensas, que causaram transbordamento de rios, afetaram as condições das estradas e comprometeram parte da produtividade. Nas lavouras semeadas em dezembro, o excesso de umidade resultou em rendimentos menores. Em contrapartida, áreas plantadas mais tarde registraram desempenho considerado muito bom para os padrões locais. O relatório indica que aproximadamente 65% da safra já foi colhida e, com a ausência de chuvas nas próximas duas semanas, espera-se um avanço significativo no ritmo da colheita.
Produção da safrinha de soja atinge 1,24 milhão de toneladas
Enquanto a perspectiva para a safra principal de soja foi elevada, a produção da safrinha da oleaginosa no Paraguai teve uma redução, caindo de 1.332.500 toneladas estimadas em maio para 1.242.500 toneladas em junho, uma queda de 6,8%.
A analista da StoneX destaca a disparidade nas médias de produção. No departamento de San Pedro, não houve ajustes na estimativa, mas essa possibilidade não é descartada devido à grande variação de rendimentos no campo. Larissa informa que o desempenho médio da safra atual no departamento é de 1,7 tonelada por hectare.
O relatório da StoneX também aponta que em San Pedro foram identificadas áreas pontuais com excelentes rendimentos, como Colônia Río Verde e Colônia Nueva Durango. Essas regiões, com plantios mais tardios, mostraram um desempenho superior. Santa Rita, por sua vez, apresentou resultados variados: as primeiras colheitas foram positivas, mas o restante teve baixos rendimentos – uma situação semelhante à de algumas áreas de Itapúa.
Contudo, zonas localizadas principalmente no Sul e no Centro-Oeste registraram produtividades próximas de 1 t/ha, insuficientes para cobrir os custos de produção. Por outro lado, áreas do norte apresentaram resultados mais favoráveis, contribuindo para elevar a média geral da região.
Com relação à safrinha de soja na Região Oriental, especialmente do Norte da Rota 2, o ciclo complementar obteve resultados superiores aos da safra principal. Diferentemente da safra, onde o Sul teve os melhores rendimentos, na safrinha foi o Norte que se destacou.
"Em Caaguazú, localidades como Vaquería e Yhú superaram as expectativas. Estima-se que 90% já havia sido colhido até o final de maio, restando apenas as últimas áreas para a primeira quinzena de junho. Espera-se uma produção de 1,24 milhão de toneladas na safrinha de soja, totalizando assim 9,93 milhões de toneladas para o ciclo 2024/25", projeta Larissa.
Comercialização
Quanto aos preços, as cotações em Chicago têm sido pressionadas pelas boas condições climáticas, o que gerou quedas em algumas sessões. De forma geral, o total de soja paraguaia comercializada ainda não supera os 70%.
O basis (diferença de preço devido à localização geográfica) oscilou entre USD -30/ton e -35/ton nas últimas semanas de maio. Já na primeira semana de junho, houve uma melhora nos descontos, com o valor do basis em Assunção reduzindo para USD -28/ton.
Milho Safrinha: colheita deve acelerar entre o final de junho e meados de julho
O milho safrinha no Paraguai segue um cenário agronômico similar ao da safrinha de soja, já que ambas as culturas compartilham o mesmo calendário. As áreas com as melhores condições climáticas – especialmente ao norte da Rota 2 – concentraram a maior parte da semeadura e registraram os melhores desempenhos produtivos. No norte de Alto Paraná, os resultados foram bastante positivos, com destaque para o aumento da área cultivada. Em Itapúa, porém, as lavouras apresentaram produtividade mais baixa, refletindo os efeitos adversos do clima na região.
Com a chegada de junho, a previsão de chuvas e o aumento da umidade trazem preocupação para o final da colheita. Isso porque, quando o grão já seco volta a ficar úmido, pode fermentar, comprometendo a qualidade do milho e do sorgo ainda no campo.
Segundo o relatório da StoneX, a situação é considerada crítica para qualquer produto ainda a ser colhido, devido ao alto teor de umidade. No caso do milho, ainda é possível aplicar descontos por qualidade, mas para culturas como o trigo, as perdas tendem a ser mais severas, especialmente pela redução do pH dos grãos.
"Estima-se que a colheita de milho já tenha começado, embora atinja apenas 2% até o momento. O ritmo deve se acelerar entre o final de junho e meados de julho. Assim, o que se observa é uma comercialização de apenas 31% - em parte devido à queda dos preços", afirma Larissa.
Atualmente, o produtor recebe USD 130/ton, frente aos USD 160/ton de um mês atrás. Essa baixa desestimulou novas negociações antecipadas.
Além disso, a produção paraguaia continua sendo influenciada por fatores externos e climáticos. A pressão do mercado brasileiro, somada à ausência de geadas na última semana de maio, limitou a possibilidade de cortes na oferta. "Assim, no início de junho, espera-se uma produção de 5,25 milhões de toneladas de milho no país", conclui Larissa.
