Safra de soja 2025/2026 em Mato Grosso do Sul deve ter área e produção maiores, mas clima e custos seguem como fatores de risco para os produtores
O fim do vazio sanitário em 15 de setembro abre oficialmente a liberação do plantio da safra de soja 2025/2026 em Mato Grosso do Sul. Assim, os produtores entram em um novo ciclo com expectativa de aumento na área cultivada, na produção e também na produtividade em comparação ao período anterior.
Segundo a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), a área plantada deve alcançar 4,79 milhões de hectares, o que representa alta de 5,9% frente à safra 2024/2025, que ocupou 4,59 milhões de hectares. Além disso, a produção estimada chega a 15,2 milhões de toneladas, crescimento de 8,1% em relação às 14,06 milhões do último ciclo. Já a produtividade média projetada alcança 52,8 sacas por hectare, avanço de 2,0% sobre as 51,79 sacas anteriores.
O presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc, avalia que o início do plantio simboliza confiança para o setor, mas exige cautela diante dos desafios climáticos e econômicos. Ele destacou que a expansão da soja no Estado resulta do uso de tecnologias e da dedicação dos produtores. No entanto, reforçou que o clima seguirá como fator decisivo para transformar potencial em realidade.
Para o coordenador técnico da entidade, Gabriel Balta, a estimativa de 15,2 milhões de toneladas indica recuperação após oscilações em safras recentes. Além disso, ele afirma que a aposta em variedades adaptadas e em estratégias de manejo, aliada à estabilidade da produtividade, mostra que há espaço para bons resultados, desde que as chuvas ocorram dentro da normalidade.
Apesar das projeções positivas, o clima segue como maior incerteza. Em anos recentes, Mato Grosso do Sul registrou perdas expressivas em razão do estresse hídrico. Desse modo, a projeção moderada de produtividade busca contemplar essa variabilidade histórica.
Outro ponto de atenção está nos custos de produção. O analista de Economia da Aprosoja/MS, Mateus Fernandes, alerta que insumos como fertilizantes e defensivos continuam pressionando o orçamento dos produtores. Entre julho de 2024 e julho de 2025, os preços apresentaram forte alta: MAP (+43%), MAP Purificado (+44%), ureia (+25%) e cloreto de potássio (+23%). Além disso, produtos complementares também subiram, como Starter Manganês Platinum (+39%) e Nitrato de Potássio (+16%).
Embora alguns itens tenham registrado queda, como o calcário dolomítico (-7%), o cenário geral mostra custos mais elevados. Esse aumento tende a encarecer a produção de soja na safra 2025/2026 e exige maior planejamento financeiro. Portanto, estratégias como seguro rural e vendas antecipadas tornam-se fundamentais para proteger a rentabilidade e mitigar riscos diante de margens mais apertadas.
Com área maior, produção projetada em crescimento e demanda internacional aquecida, Mato Grosso do Sul inicia a safra em posição de destaque. Para Mateus Fernandes, o equilíbrio entre otimismo e prudência será essencial. A combinação de tecnologia, gestão e planejamento, por consequência, determinará se as projeções positivas se transformarão em resultados concretos.
O Estado também receberá a Abertura Nacional do Plantio da Safra de Soja 2025/2026. O evento acontece em 3 de outubro, na Fazenda Recanto, em Sidrolândia, a partir das 9h (horário de Brasília). Nesse encontro, autoridades, produtores e especialistas irão debater mercado, clima e geopolítica, reforçando o protagonismo sul-mato-grossense no setor.