Mesmo com seca em metade da área, MS tem safra recorde de soja
Produção irrigada foi essencial para elevar produtividade em regiões mais afetadas pela seca

Produtividade surpreende e colheita supera estimativas no estado. Foto: Aprosoja/MS

Mesmo com estiagem atingindo 52% da área produtiva, Mato Grosso do Sul encerrou a safra 2024/25 de soja com desempenho superior ao do ciclo anterior. O estado colheu 14,060 milhões de toneladas, em uma área total de 4,524 milhões de hectares, alcançando produtividade média de 51,79 sacas por hectare — 13,87% acima do registrado na temporada passada. Os dados são do Projeto SIGA-MS, executado pela Aprosoja/MS.
As regiões Norte e Central tiveram produtividade acima da média estadual, com destaque para a Norte, que colheu 72,01 sc/ha. Na região Central, a média foi de 52,63 sc/ha. Já o Sul, área mais afetada pela seca, registrou 46,29 sc/ha.
Segundo a Aprosoja/MS, a adoção de irrigação em áreas como Ribas do Rio Pardo, Três Lagoas, Selvíria, Água Clara e Paranaíba foi determinante para os bons resultados. Esses municípios, onde a produção irrigada é predominante, ficaram entre os 30 com produtividade acima da média estadual.
O levantamento foi realizado entre 2 de janeiro e 16 de maio, com base em coletas de campo, dados fornecidos pelos produtores e sensoriamento remoto. A análise leva em conta desde o número de grãos por planta até o peso de mil grãos, além de imagens de satélite para estimativa da área cultivada.
Apesar dos resultados positivos, o relatório acende um sinal de alerta: 48 municípios registraram produtividade abaixo da média estadual. A Aprosoja/MS afirma que identificar esses locais é essencial para direcionar ações técnicas e políticas públicas que ajudem a elevar a eficiência das lavouras nessas regiões.
Clima desafiador
Entre setembro e fevereiro, as lavouras de MS enfrentaram longos períodos de estiagem, especialmente nas regiões Sul e Central, justo quando 57% das plantações estavam na fase de enchimento de grãos — etapa crítica para a definição da produtividade.
Nos meses seguintes, as chuvas retornaram com força. Embora tenham ajudado na recuperação de parte das lavouras, volumes acima da média no fim da colheita dificultaram os trabalhos no campo e prolongaram a permanência dos grãos nas áreas de cultivo.
Ainda assim, o estado conseguiu colher uma safra maior do que a anterior, com produção 1,7 milhão de toneladas superior ao ciclo 2023/24.
