Sustentabilidade, ação social e capacitação profissional, tudo em uma mesma iniciativa. Em julho deste ano, o SENAR-PR levou para dentro da Ceasa de Curitiba o curso “Trabalhador na olericultura – processamento mínimo – princípios e práticas”, voltado ao aproveitamento dos hortigranjeiros recebidos pelo Banco de Alimentos da Ceasa. A iniciativa teve como objetivo capacitar as equipes que atuam na cozinha da entidade para que pudessem agregar valor aos alimentos recebidos.
O Banco de Alimentos da Ceasa reaproveita 494 mil quilos de produtos por mês, nas cinco unidades da Ceasa em todo Paraná. São frutas e hortaliças que seriam descartadas por não estarem nos padrões de comercialização, mas que ainda estão em perfeito estado para o consumo. Os alimentos reaproveitados são direcionados para instituições carentes. Segundo a assessoria da Ceasa, são beneficiadas 336 entidades, entre orfanatos, creches, hospitais públicos e instituições assistenciais, que totalizam, em média, 112 mil pessoas atendidas por mês em todo o Estado.
O curso do SENAR-PR teve duração de 32 horas, ao longo de quatro dias de atividades, sendo os dois primeiros voltados à parte teórica, como cuidados com higiene, fisiologia das plantas, materiais necessários e insumos, e os dois seguintes focados nas etapas práticas.
Os alimentos minimamente processados são aqueles que não sofrem alterações nas suas características. Ou seja, trata-se de vegetais frescos que passam por uma série de operações (seleção, classificação, lavagem, descascamento, corte, sanitização, centrifugação e embalagem) para que se tornem prontos para o consumo. Neste caso específico da Ceasa, a formação do SENAR-PR incluiu também alguns conhecimentos envolvendo o processamento de alimentos, como a produção de frutas desidratadas, polpas e patês, que não estão no escopo original da formação. Também foi abolido o pré-requisito de ter feito antes o curso “Olericultura – Colheita e pós colheita”.
Isso porque, diferentemente dos públicos convencionais dos cursos do SENAR-PR, que são produtores e trabalhadores rurais, nesse caso os participantes são egressos do sistema penitenciário, que encontram no trabalho e nas capacitações promovidas pela Ceasa uma oportunidade para recomeçar a vida com a cabeça erguida.
É o caso de F.B., que com o conhecimento adquirido já se sente seguro para arriscar um negócio próprio. “Mesmo se a pessoa quiser abrir um carrinho de espetinho, com o conhecimento desse curso, ele vai fazer da melhor forma possível, no que se refere aos cuidados com o alimento, segurança, higiene, etc.”, avalia.
Também o colega F.R., outro participante do curso do SENAR-PR, aprovou a iniciativa, na qual consegue observar uma finalidade prática. “Tenho objetivo de trabalhar com alimentos na área de bolos e doces e vejo que esse curso traz uma base boa para a gente”, afirma.
Na opinião da instrutora Joelma Capp, o curso ofertado é uma boa oportunidade para recomeçar. “Alimento é uma coisa que sempre tem demanda do mercado”, avalia.