A CNA participou de audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, na sexta (22), para discutir "A provável falta de defensivos agrícolas para a próxima safra".
O diretor técnico adjunto da Confederação, Reginaldo Minaré, afirmou que nesse momento o mais importante é manter o diálogo com governo e indústria para que o produtor rural não seja surpreendido.
“O cenário atual de fertilizantes e defensivos é preocupante, é um efeito colateral da crise de energia e gás no mundo e não da falta de matéria-prima para produzi-los. É uma dificuldade que, no curto prazo, precisa ser administrada,” disse.
“Ásia e Europa estão com dificuldades para produzir esses produtos, por isso um diálogo com esses países é importante para sabermos o quanto essa produção ficará instável”, completou.
Minaré explicou que a produção de fósforo amarelo em Yunnan na China foi reduzida no período de setembro a dezembro de 2021 a 10% da capacidade, e o fósforo é indispensável para a produção de herbicidas importantes como glifosato e glufosinato.
“Na Europa, como consequência do preço elevado da energia e do gás, ocorreu a redução na produção de nitrogenados.”
Para Minaré, está na hora de pensar em explorar, no ambiente doméstico, meios para reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes químicos importados. “E principalmente otimizar a produção de fertilizantes orgânicos, com aproveitamento de matéria orgânica de suínos e aves, além de outras fontes como as algas”, explicou.
Ele citou ainda o trabalho do governo para produzir um Plano Nacional de Fertilizantes. “A iniciativa é interessante e precisa ser incentivada porque depende de um prazo de médio a longo para se consolidar. No curto prazo é necessário administrar bem o problema, buscar informações e diálogo. Esse é o melhor e talvez o único caminho que temos”.
Reginaldo Minaré também sugeriu que a área diplomática do Ministério da Agricultura faça a prospecção de informações sobre a produção de matéria-prima como o fósforo amarelo usado para produção do glifosato, por exemplo.
“Os adidos agrícolas podem fazer essa prospecção porque informação é fundamental para fazermos o planejamento de como proceder daqui para frente. Importante também que os agricultores fiquem atentos com a elaboração dos contratos de compra de insumos, especialmente com as cláusulas de força maior, para ter o conhecimento de quando estará ou não garantido pelo contrato.”
Como encaminhamento, a comissão enviará para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a pauta da audiência para andamento das propostas debatidas.