Crise na cadeia do leite preocupa produtores e indústrias em SC
Faesc e Conseleite reforçam a necessidade de medidas emergenciais para conter prejuízos e equilibrar o setor leiteiro catarinense
Produtores e indústrias discutem a crise na cadeia do leite em Santa Catarina. Foto: Faesc / Divulgação
Produtores e indústrias de leite em Santa Catarina enfrentam a crise na cadeia do leite devido ao desequilíbrio entre oferta e demanda, ao aumento das importações e aos custos de produção acima do valor pago pelo litro. Além disso, a pressão sobre o setor se intensifica com a entrada de produtos importados a preços baixos.
Na última sexta-feira (24), o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite) se reuniu na sede da Epagri, em Chapecó. Por unanimidade, os participantes decidiram elaborar dois documentos para enviar aos governos estadual e federal, solicitando medidas emergenciais. O objetivo é reduzir perdas e estabilizar o setor de forma rápida e eficiente.
Produtores e indústrias sentem o impacto
O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, destacou que toda a cadeia sofre pressão. Ele ressaltou que os produtores investem continuamente na qualidade e na quantidade do leite, mas o consumo interno não acompanha o crescimento da produção. Além disso, a entrada de leite importado com preços abaixo dos custos nacionais aumenta a concorrência desleal.
“Os prejuízos atingem quase exclusivamente produtores e agroindústrias. Por outro lado, o consumidor não percebe queda nos preços, e os intermediários sofrem menos. Consequentemente, propriedades e indústrias acumulam perdas e enfrentam dificuldades para escoar a produção”, afirmou Pedrozo.
O presidente do Conseleite, Selvino Giesel, ressaltou os desafios das indústrias para armazenar produtos lácteos. Produtos como iogurte, queijo, leite UHT e requeijão têm validade curta e exigem refrigeração constante. Se não forem vendidos a tempo, são descartados. Além disso, com a alta das importações e a queda histórica do consumo nesta época do ano, a situação tende a piorar, reforçando a necessidade de medidas emergenciais.
Medidas emergenciais e propostas
Algumas propriedades registram perdas de até R$ 0,15 por litro, e indústrias enfrentam dificuldades de comercialização. Por isso, Faesc e Conseleite elaboraram dois documentos estratégicos. O primeiro será enviado ao governo federal, solicitando a continuidade das auditorias da CNA sobre preços e origens do leite importado, a criação de estoques reguladores e a utilização do leite em programas sociais. O segundo documento será destinado ao governo estadual, pedindo reforço das inspeções sanitárias, equalização tributária e apoio à compra de produtos catarinenses.
Pedrozo ainda apoiou o projeto de lei 768/2025, do deputado Altair Silva, que proíbe a reconstituição de leite em pó importado para venda como leite fluido. A proposta prevê multas de até R$ 1 milhão, apreensão do lote e suspensão do registro sanitário, protegendo assim os produtores locais.
Além disso, o deputado Altair Silva coordenará uma audiência pública em 12 de novembro, na Assembleia Legislativa, para debater soluções. Produtores, cooperativas, indústrias, especialistas e órgãos governamentais discutirão alternativas e medidas de apoio à atividade, garantindo ações mais eficazes para o setor.
