Apesar do aumento nominal, poder de compra do produtor encolhe e encarece o acesso ao crédito
O Plano Safra 2025/2026, anunciado pelo governo federal, traz R$ 594,4 bilhões em crédito rural — sendo R$ 78,2 bilhões para a agricultura familiar e R$ 516,2 bilhões para médios e grandes produtores. Apesar do crescimento nominal em relação à safra anterior, o reajuste ficou abaixo da inflação acumulada de 4,73% em 2024.
Na prática, os produtores terão menor poder de compra em comparação ao ciclo anterior. Para manter o mesmo nível de financiamento, seria necessário um reajuste maior: os recursos deveriam alcançar pelo menos R$ 79,59 bilhões na agricultura familiar e R$ 532,65 bilhões na agricultura empresarial. O resultado é uma perda real de capacidade de investimento em um cenário de custos elevados.
Outro fator que preocupa o setor produtivo é o aumento médio de dois pontos percentuais nas taxas de juros. A elevação impacta diretamente o acesso ao crédito e pode inviabilizar investimentos, principalmente para os produtores com menor margem de rentabilidade.
Com isso, embora o plano indique expansão nos valores, especialistas apontam que ele não traduz, na prática, um reforço financeiro ao campo. Produtores e entidades defendem que, além de recursos, é preciso garantir políticas públicas mais eficazes e acessíveis — com destaque para o seguro rural, considerado essencial para a sustentabilidade da atividade.
No entanto, o Plano Safra 25/26 não especificou quanto será destinado ao Programa de Seguro Rural (PSR). O setor ainda lida com um corte recente no orçamento restante da safra anterior, o que gera incerteza sobre a continuidade e a cobertura do programa nos próximos meses.