Da manutenção de equipamentos à operação de trator e colhedoras, nas áreas industriais ou agrícolas, as mulheres estão conquistando cada vez mais posições no agronegócio. A Atvos, uma das maiores produtoras de bioenergia do país, estruturou um amplo programa para incentivar a equidade de gênero em suas nove unidades. Com nove mil funcionários, as mulheres representam 15% do efetivo da empresa, percentual acima dos 9,2% do setor, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Na Atvos, há um movimento para aumentar a presença de mulheres em funções majoritariamente executadas por homens. Elas estão assumindo posições de liderança e são referências para que outras mulheres busquem oportunidades no setor sucroenergético.
Quem está contribuindo na preparação de novas profissionais para ingressar na área é Patricia Jorgino da Paixão, 37 anos, que há oito anos é operadora de colhedora e se tornou a primeira mulher a assumir a função de multiplicadora na unidade da Atvos em Teodoro Sampaio, no interior de São Paulo. Na posição recém-assumida, ela é responsável por formar outras pessoas para a atividade. Patrícia era merendeira quando participou de um curso de operadores de trator promovido pela Atvos. "Deixei o emprego de merendeira para operar trator. Suriu a oportunidade para trabalhar com colhedoras. Decidi me reinventar novamente e aprendi a usar uma nova máquina. Agora, estou ensinando outras mulheres", explica orgulhosa a funcionária.
Josiely de Jesus, 26 anos, é a única borracheira industrial na unidade da Atvos em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul. A renda de Josiely era obtida em atividades informais antes de fazer o curso de borracheira e ser contratada para a área agrícola. Judite Alves, de 57 anos, também decidiu mudar sua trajetória. Ela atuava como auxiliar de serviços gerais na área administrativa da Atvos quando a empresa abriu um curso para formar operadores de trator. Ela enfrentou o desafio, concluiu o ensino médio, obteve a carteira de habilitação e, hoje, é destaque na função.
Bianca Gomes Almeida é a primeira mulher a ser líder de tecnocalda na área agrícola da unidade da Atvos em Alto Taquari, no Mato Grosso. A agrônoma de 25 anos é responsável pelo preparo e aplicação de defensivos agrícolas e apoia equipes compostas em sua totalidade por homens. "O respeito é conquistado quando você mostra que tem capacidade e conhecimento. Encarar o campo é, por si só, muito desafiador, por isso, vejo que as mulheres que escolhem estar nessa área são determinadas e engajadas", destaca.
Diversidade e Inclusão
Um amplo mapeamento foi concluído e identificou cerca de 260 mulheres com potencial para assumir cargos de liderança ou serem promovidas em suas áreas. Essas profissionais integram um programa de aceleração que abrangerá cursos em conhecimentos técnicos específicos, workshops para desenvolvimento de habilidades comportamentais e mentoria.
No início do ano, a empresa formou treze operadoras de trator em um treinamento exclusivo para funcionárias. As participantes, identificadas no mapeamento, atualmente exercem outras funções na Atvos e terão prioridade quando as vagas surgirem.