Plantio tardio, seca e lagartas ameaçam produtividade do milho em MT
Produtores enfrentam estiagem prolongada, falhas no controle de pragas e aumento dos custos de produção, impactando a segunda safra

Produtores enfrentam desafios na segunda safra de milho em MT

O desenvolvimento da segunda safra de milho em Mato Grosso enfrenta desafios que ameaçam a produtividade. O plantio, realizado fora da janela ideal devido ao atraso na colheita da soja por excesso de chuvas, agora sofre com a falta de precipitação e o ataque de lagartas. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), cerca de 15% da área cultivada, pouco mais de um milhão de hectares, foi semeada fora do período recomendado, aumentando o risco de perdas.
O diretor administrativo do IMEA e coordenador da Comissão de Política Agrícola, Diego Bertuol, destaca que os produtores investiram em sementes de alta tecnologia para garantir maior produtividade. No entanto, essas biotecnologias não foram tão eficazes no controle de pragas, resultando em custos adicionais. "O produtor já trabalha com margens apertadas, e esse cenário de aumento de custos impacta ainda mais", explica Bertuol.
A aquisição tardia de insumos e a redução na aplicação de fertilizantes também devem afetar a produtividade. Muitos produtores diminuíram em até 50% o uso de fertilizantes fosfatados, enquanto o nitrogênio teve redução entre 10% e 30%. Paralelamente, a estiagem prolongada tem impactado regiões estratégicas do estado. Dados do programa Aproclima, da Aprosoja Mato Grosso, apontam que cidades como Confresa, Matupá e Guiratinga registraram mais de 22 dias sem chuva, com volumes acumulados abaixo de 130 milímetros.
Apesar das chuvas recentes terem ajudado a estabilizar algumas lavouras, a previsão climática indica que a continuidade das precipitações será essencial para evitar maiores perdas. "As lavouras estão bem estabelecidas, mas precisaremos de chuvas até o fim de abril para garantir uma boa safrinha", afirma Diego Dallasta, vice-presidente leste da Aprosoja MT.
A presença de lagartas resistentes às biotecnologias tradicionais também tem preocupado os produtores, obrigando aplicações extras de defensivos. "Tivemos uma pressão enorme de lagartas em todas as tecnologias de milho, e produtores relataram necessidade de até cinco aplicações", relata Dallasta. Gilson Antunes de Melo, vice-presidente oeste da Aprosoja MT, acrescenta que a ineficiência dos controles convencionais elevou os custos e reduziu a produtividade.
No mercado, a demanda interna aquecida pelo setor de etanol e pela indústria de proteína animal tem elevado os preços do milho, que passou de R$ 35-R$ 38 por saca em 2023 para R$ 80-R$ 90 atualmente. Entretanto, mesmo com a valorização, a baixa produtividade pode comprometer a rentabilidade da safra.
A Aprosoja Mato Grosso segue monitorando o andamento da segunda safra, que terá nas próximas semanas um período decisivo para definir os volumes de colheita e o comportamento do mercado.
