Desafiadora. Esta é a avaliação da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) sobre a situação atual da safra de milho, principalmente por conta das condições climáticas adversas e impactos significativos na janela de plantio.
O presidente da Câmara Setorial e vice-presidente da Abramilho, Enori Barbieri, destacou a necessidade crucial de estender os prazos para o pagamento das parcelas do crédito rural (custeio e investimentos) de agricultores afetados pelas variações do clima.
De acordo com Barbieri, produtores não têm mais condições de quitar seus débitos e precisam da prorrogação de prazos, como pedido em documento assinado em conjunto com a Câmara Setorial da Soja.“É fundamental que haja uma pausa nos pagamentos até que os agricultores possam colher suas safras e avaliar suas receitas. Somente após essa análise poderemos apresentar ao governo o que é realmente necessário para evitar uma crise financeira. Estamos diante de um desafio econômico reconhecido pelo governo, que exige ações imediatas para garantir a sustentabilidade do setor agrícola nos anos de 2023 e 2024”, explica Barbieri.
Perdas
As condições climáticas desfavoráveis, com excesso de chuvas no Sul e escassez no restante do país, causaram um impacto negativo na produção da 1ª safra de milho, levando a uma redução estimada de 14% em comparação com a safra anterior. Adicionalmente, o plantio da soja se estendeu até meados de janeiro, afetando diretamente a janela ideal para a 2ª safra de milho, o que pode resultar em uma diminuição de 13% na produção.
Segundo o boletim de grãos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) publicado em fevereiro, esses impactos já são evidentes. A previsão inicial de produção de 117 milhões de toneladas de milho para janeiro foi revisada para 113 milhões de toneladas em fevereiro. Além dos desafios climáticos, a queda nos preços da saca de milho e os altos custos de produção têm aumentado as preocupações entre os produtores.
“É uma realidade alarmante, mas é um dos papéis da associação lutar por melhorias e garantias do setor. Estamos, portanto, aguardando uma resposta positiva e ações concretas por parte do governo, que reflitam a urgência e a seriedade da situação atual”, finaliza Barbieri