Contorno de Palotina potencializa conexão entre regiões do Estado

Estrutura vai desviar o fluxo de caminhões do Centro do município e é uma grande alça em torno das duas principais rodovias que cortam a região.

Os caminhoneiros que circulam por Palotina com areia, soja, frango, peixes e produtos industrializados enfrentam todos os dias semáforos, lombadas, faixas de pedestres e placas de 40 km/h em um trecho de cinco quilômetros entre a entrada e saída pela PR-182 ou em uma avenida de quatro quilômetros entre o começo e o fim do perímetro urbano da PR-364. A cena se repete em todos os horários, de domingo a domingo.
Esse também é o pano de fundo da rotina dos moradores de Palotina, marcada pelo trânsito intenso de caminhões que transitam do Noroeste do Estado em direção ao Oeste ou vice-versa. Basta se sentar em um banco da Praça Amadeo Trivesan para observar: em poucos minutos é possível preencher uma cartela inteira com cores, modelos e idades dos veículos de transporte de carga pesada.


Esse cenário vai mudar. Estão em andamento novamente as obras do Contorno Leste de 15,6 quilômetros nos arredores do município, nas áreas em que os olhos alcançam apenas plantações. A intervenção deverá marcar um novo estágio do crescimento de Palotina, que fica entre Cascavel e Umuarama, e é um centro do agronegócio do Paraná e da recente industrialização da cadeia de peixes.


O investimento do Governo do Estado, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), é de R$ 43,7 milhões. As obras atingiram 12,5% no começo de julho. Haverá, ainda, duas novas pontes de concreto armado sobre os rios Arroio Pioneiro e Santa Fé, já licitadas por R$ 5,3 milhões, e cinco rotatórias.


OBRA FUNDAMENTAL – O novo Contorno vai desviar o fluxo de caminhões do Centro e é uma grande alça em torno das duas principais rodovias que cortam o município e que atualmente se encontram numa espécie de X bem no coração de Palotina. O projeto prevê uma pista de trânsito rápido (80 km/h a 100 km/h) e, numa hipotética entrada pela PR-182 (chegada de Cascavel), três conexões: até a saída para Assis Chateaubriand (PR-364), um reencontro com a PR-182 no sentido a Umuarama e novamente com a PR-364, desta vez com direção a Terra Roxa.


“É uma obra fundamental para a nossa estratégia logística”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Palotina ainda é um município de pequeno porte, mas está localizada em uma região muito importante, um polo produtor perto de Cascavel, Toledo, Umuarama, além da proximidade com o Mato Grosso do Sul. Queremos ser uma referência logística da América do Sul e essa conexão está inserida nesse contexto, além dos ganhos para a qualidade de vida dos cidadãos”.


Segundo o prefeito de Palotina, Jucenir Stentzler, o Contorno cria condições de prosperidade para a região. “A industrialização do agronegócio é uma das maiores revoluções dos últimos anos, trouxe mudanças significativas para o Paraná. O que era soja, milho e trigo em estado bruto virou uma cadeia de processados de frango, peixe, porco, gado leiteiro. A região Oeste se desenvolve nesse sentido e precisamos de rotas de escoamento rápidas para não atrapalhar as outras atividades do município”, destaca.


Fernando Furiatti, diretor do DER-PR, afirma que esse Contorno garantirá novas alternativas para o município. “A cidade está se expandindo e ainda há tráfego pesado perto de escolas, hospitais e empresas, o que inviabiliza a rotina urbana”, analisa. “Contornos em geral são obras complexas, mas que têm ganhos para algumas décadas”.


OBRA – O projeto do Contorno de Palotina é de meados dos anos 2000, mas as obras foram autorizadas pelo Governo do Estado somente em 2018. Alguns problemas burocráticos e na execução dificultaram o avanço dos trabalhos em 2019, mas eles foram retomados em maio deste ano, desta vez até cortar a faixa vermelha.


Cinquenta e sete propriedades foram impactadas pelo projeto original. Elas pertenciam a 37 famílias diferentes que foram indenizadas pela administração estadual. A dimensão de largura do contorno é de 7 metros de pista (3,5 metros de cada lado) com 3 metros de acostamento.


As obras ainda avançam nos dois primeiros trechos e em estágio inicial de terraplanagem, marcação da limpeza e escavação. Perto da PR-182, no sentido Cascavel, em paralelo com uma estrada rural, já há dois quilômetros com base de brita, que é um dos estágios da pavimentação.


No segundo trecho, depois da PR-364, as obras ainda estão em estágio bem inicial com as retroescavadeiras demarcando o terreno até a altura do rio Arroio Pioneiro, onde será erguida uma ponte com 50 metros de comprimento. A futura ponte sobre o Santa Fé terá 66 metros de comprimento.


“A expectativa é de avançar nos próximos meses. Estamos resolvendo questões técnicas e burocráticas típicas de uma obra deste porte, e a construtora aumentou o ritmo das obras. Queremos encerrar o ano com pelo menos a estrutura mais definida em todo o trecho, além de começar as obras de arte especiais”, afirma Luiz Bendotti, engenheiro civil do escritório regional do DER-PR de Cascavel, responsável pela fiscalização da obra.


O Contorno Leste deve ser entregue em 2021 com terceiras faixas, sistema de drenagem e controle de erosão, sinalização horizontal e vertical, barreiras de segurança, recomposição vegetal e cercas para demarcar a área da pista das propriedades rurais.


SETOR PRODUTIVO – O cooperativismo será um dos beneficiados com a nova estrutura. A C.Vale, com sede em Palotina, emprega mais de seis mil funcionários apenas no município, mas tem 21 mil associados espalhados no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e no Paraguai. O faturamento em 2019 alcançou R$ 8,9 bilhões.


A cooperativa mantém ritmo intenso de produção de frango (capacidade para processar 600 mil aves por dia) para atender o mercado interno e a exportação para cerca de 70 países, e inaugurou em 2017, em Palotina, uma indústria com capacidade para abater 75 mil tilápias por dia, de olho no crescimento da piscicultura no País.


A região Oeste é o maior polo de criação de peixes no Paraná, com 60% de toda a produção, e o Estado é o maior produtor nacional dessa espécie (154 mil toneladas/ano).


Neri Leonhardt, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Palotina (Acipa), enfatiza que essa obra é uma luta de mais de 20 anos. “O entendimento da comunidade é de que esse Contorno será mais confortável para todos. É uma região produtora de frango, iniciamos a piscicultura nos últimos dois anos, e a Frimesa está instalando em Assis Chateaubriand um dos maiores frigoríficos para abater suínos do País”, afirma. "Essa obra vai ajudar toda a região, do trânsito de insumos e ao escoamento".

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