FPA cobra rapidez do governo na liberação de crédito rural
FPA reúne parlamentares e especialistas para discutir liberação de crédito e medidas contra endividamento rural
FPA pede rapidez na MP 1.314 e destaca risco de endividamento de produtores rurais. Foto: FPA / Divulgação
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) cobrou nesta terça-feira (21) do governo federal mais rapidez na execução da Medida Provisória 1.314/2025. A MP prevê R$ 12 bilhões em linhas de crédito rural, com possibilidade de ampliação para R$ 20 bilhões.
O objetivo é atender produtores afetados por eventos climáticos adversos. Além disso, a FPA alerta para o aumento do endividamento no campo e os impactos da política de piso mínimo do frete rodoviário sobre a competitividade do setor.
Escassez de crédito preocupa setor
O encontro contou com o vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, e o head de Agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), destacou que o alto custo do financiamento e a escassez de crédito têm se tornado gargalos crescentes para a produção agropecuária. Ele afirmou que o Plano Safra atual não atende à demanda agrícola brasileira.
“Os números apresentados pelo Banco do Brasil confirmam que o Plano Safra é insuficiente para o tamanho do nosso agronegócio”, disse Lupion. Ele defendeu a aprovação de uma nova Lei de Seguro Agrícola.
Além disso, sugeriu a destinação de R$ 30 bilhões do Fundo Social e dos Fundos Constitucionais para apoiar produtores em dificuldade. De acordo com o deputado, os R$ 12 bilhões previstos atualmente são insuficientes. Portanto, a MP precisa ser votada com urgência.
Crise no Rio Grande do Sul
O deputado alertou que no Rio Grande do Sul a cadeia de alimentos enfrenta endividamento severo. Além disso, os custos logísticos e do frete aumentaram. “Faltam garantias reais e um sistema de seguro rural robusto. Essa é uma pauta essencial para dar estabilidade ao produtor e previsibilidade ao setor”, reforçou.
O coordenador da Comissão Trabalhista da FPA, deputado Afonso Hamm (PP-RS), afirmou que a MP 1.314/25 atende apenas parte dos produtores, especialmente aqueles que sofreram perdas de safra.
Hamm denunciou que produtores gaúchos ainda não receberam recursos e alertou para o agravamento da crise social, citando aumento de casos de suicídio entre produtores. Além disso, apontou irregularidades de instituições financeiras que desvirtuam operações de crédito subvencionado.
Seguro rural precisa de prioridade
O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) destacou a necessidade de políticas agrícolas voltadas ao seguro rural. Ele afirmou que o seguro é essencial para reduzir riscos e melhorar a qualidade do crédito. Da mesma forma, o deputado Zé Vitor (PL-MG) pediu maior transparência na aplicação dos recursos públicos destinados ao seguro.
Diálogo e alternativas para pequenos produtores
A senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente da FPA no Senado, defendeu que governo e Parlamento busquem alternativas para arrendatários e pequenos produtores. Ela apontou que muitas pessoas não serão alcançadas pelas medidas atuais.
Tereza Cristina propôs uma reunião técnica interna para avaliar políticas de apoio ao agricultor familiar, com foco em práticas sustentáveis e novas tecnologias.
Banco do Brasil promete liberar crédito em breve
Gilson Bittencourt afirmou que o Banco do Brasil deve iniciar a liberação dos créditos previstos na MP até o fim da semana. Ele garantiu que não há falta de recursos. Além disso, reforçou a importância de um seguro rural nacional mais amplo e equilibrado.
Aumento da inadimplência e recuperação judicial
Marcelo Pimenta apresentou dados sobre a inadimplência rural, que subiu de 6% para 7,9% desde 2022. Entre produtores mais jovens, o índice chega a 11,9%. Ele destacou o crescimento dos pedidos de recuperação judicial no campo, que saltaram de 127 casos em 2023 para 566 em 2024, sendo 415 apenas no primeiro semestre deste ano.
De acordo com ele, produtores com alta dependência de crédito e arrendamento operaram com margens negativas, reforçando a necessidade de políticas públicas e instrumentos financeiros eficazes.
Entidades entregam carta sobre piso mínimo do frete
Durante a reunião-almoço, a presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), Tania Zanella, entregou carta assinada por 50 entidades pedindo revisão da Política Nacional de Piso Mínimo do Frete Rodoviário.
O documento alerta que a metodologia atual eleva custos logísticos e impacta a competitividade do setor. Além disso, propõe diálogo técnico e institucional para atualização das regras.
