Pelosi chegou a Taiwan por volta das 23h no horário local. A parada faz parte de um itinerário da democrata pela Ásia que previa, ao menos oficialmente, passar por Singapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão, mas sua presença na ilha já era dada como certa por autoridades americanas e taiwanesas.
A democrata é a primeira presidente da Câmara dos Estados Unidos a visitar Taiwan em 25 anos, e as especulações acerca de sua presença foram o suficiente para ameaças e criticismo por parte do governo de Xi Jinping.
Pelosi: "Escolha entre autocracia e democracia" Ao desembarcar, Pelosi publicou no Twitter que a visita "honra o compromisso inabalável dos EUA em apoiar a vibrante democracia de Taiwan", reproduzindo parte de um comunicado oficial emitido pelo seu gabinete. No comunicado, a democrata nega que a visita contrarie a política adotada atualmente pelos EUA em relação à ilha, evocando o Ato de Relações com Taiwan, decretado pelo Congresso dos EUA em 1979, que orienta as bases das relações diplomáticas entre o país e a ilha.
No comunicado, a democrata nega que a visita contrarie a política adotada atualmente pelos EUA em relação à ilha, evocando o Ato de Relações com Taiwan, decretado pelo Congresso dos EUA em 1979, que orienta as bases das relações diplomáticas entre o país e a ilha.enbsp;
"Nossas discussões com a liderança de Taiwan reafirmam nosso apoio ao nosso parceiro e promovem nossos interesses compartilhados, incluindo o avanço de uma região do Indo-Pacífico livre e aberta"
"A solidariedade americana com os 23 milhões de taiwaneses é hoje mais importante do que nunca, pois o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia", finaliza o texto.
EUA vão pagar o preço, diz China A China afirmou que suas Forças Armadas não "ficariam apenas olhando" a visita de Nancy Pelosi e mobilizou tropas militares na cidade de Xiamen, na costa chinesa, localizada a 100 quilômetros de Taiwan."
Os Estados Unidos carregarão a responsabilidade e pagarão o preço por minar a soberania e a segurança da China."
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Em resposta, a Casa Branca condenou o tom de ameaça, apesar de o presidente Joe Biden não ter sido favorável à visita de Pelosi agora.
"Não há motivos para Pequim transformar uma visita potencial, consistente com uma política de longo prazo dos EUA, em algum tipo de crise ou conflito, ou usá-la como pretexto para aumentar exercícios militares agressivos em torno do Estreito de Taiwan."
Visita gerou protestos contra e a favor em Taiwan
Horas antes do desembarque de Pelosi, o prédio mais alto de de Taipei, capital de Taiwan, foi iluminado com mensagens favoráveis ao país ocidental.
Na noite desta terça-feira (horário local, manhã no horário de Brasília), o Taipei 101, foi iluminado com mensagens como "Bem-vinda a Taiwan" e "Taiwan ama EUA", com um coração representando a palavra ama.
Mais cedo, porém, manifestantes protestaram contra a presença da congressista na ilha e pisaram em bandeiras dos EUA.
Taiwan, um território em disputaenbsp;
A China considera Taiwan uma província que ainda não conseguiu ser reunificada ao restante do seu território desde o fim da guerra civil chinesa. Pequim cita reiteradamente a possibilidade de recuperar o território, inclusive pela força se considerar necessário.enbsp;
As relações de Taiwan com a China têm sido frias desde que a presidente Tsai Ing-wen chegou ao poder em 2016. Para ela, a ilha é uma nação soberana que não faz parte da China.
A presidente chegou a comparar a situação do país à vivida pela Ucrânia atualmente:
"O compromisso do povo ucraniano com a proteção de sua liberdade e democracia, e sua corajosa dedicação à defesa de seu país, encontraram profunda empatia no povo de Taiwan, porque nós também estamos na linha de frente da batalha pela democracia."
Mesmo assim, a retórica chinesa é incisiva em relação à sua autoridade na ilha:
Se alguém se atrever a separar Taiwan da China, o exército chinês não hesitará em iniciar uma guerra, custe o que custar.
Porta-voz citando Wei Fenghe, ministro da Defesa da China, em junho Na ocasião, o ministro chinês, após encontro com seu homônimo dos EUA, Lloyd Austin, também apontou que Pequim "esmagará" qualquer tentativa de independência da ilha e "defenderá resolutamente a unificação da pátria".
Na última semana, os presidentes da China e dos Estados Unidos tiveram uma conversa telefônica tensa, durante a qual Xi Jinping disse a Joe Biden que o governo americano não deveria "brincar com fogo" no que diz respeito a Taiwan.
Embora autoridades americanas de alto escalão visitem frequentemente Taiwan, a China considera a viagem de Pelosi, uma das principais personalidades do Estado, uma grande provocação.
Além disso, Pelosi tem um histórico de críticas contra o governo chinês e apoiou os manifestantes pró-democracia em Hong Kong nos anos recentes.
Em 1991, ela esteve na Praça da Paz Celestial, local do massacre de 1989 em Pequim, com um pequeno cartaz que homenageava "aqueles que morreram pela democracia", dizia o texto. O movimento feito com outros dois parlamentares dos EUA durou pouco e foi interrompido pela polícia chinesa.
Desde a década de 1990, ela também se posicionou contra propostas da China para sediar os Jogos Olímpicos e apoiou o boicote diplomático de Biden aos Jogos de Inverno deste ano.