INÍCIO AGRICULTURA Geral

Vietnã abre possibilidades de negócios com algodão brasileiro

Um evento para 60 clientes e agentes de algodão em Ho Chi Minh City encerrou a Missão Vendedores ao país asiático nesta sexta-feira. O presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco participa da comitiva.

A primeira parada foi em Hanói, capital do Vietnã. A missão fez visitas a fiações e foi ao Ministério da Indústria e Comércio, onde ouviram a solicitação para que o setor converse com o governo brasileiro para reduzir o imposto pago pela importação do algodão nacional, que varia de 5% a 7%. Uma saída seria um acordo bilateral, mas conforme o embaixador do Brasil que acompanha a comitiva, a solução passa por negociações com o Mercosul.

A missão também se reuniu com a Associação da Indústria Têxtil do Vietnã e ouviu as considerações sobre qualidade, logística e outras avaliações acerca da cadeia produtiva e de exportação da pluma brasileira. A agenda incluiu ainda uma reunião com a Associação de Tecelagem do Vietnã (VITAS), que não conhecia o trabalho da cotonicultura brasileira e iniciou um processo de aproximação com o escritório de representação da Abrapa em Singapura

O Vietnã é uma potência industrial emergente. O país é o segundo maior exportador global de têxteis (US$ 39 Bi em exportações), somente atrás da China. O Vietnã também é o terceiro maior importador global de algodão, com um volume anual próximo de 1,5 milhão de toneladas.

O país também é o mercado importador de algodão que mais cresce no mundo, com crescimento anual médio de importação de algodão de 11,5% nos últimos 10 anos. Este crescimento se deve à abertura do país ao investimento estrangeiro que se iniciou no final dos anos 1980 e hoje representa a maioria do investimento industrial no país.

A participação estatal no setor, que era 100% no início da industrialização do país, vem diminuindo a cada ano. A estatal Vinatex, que tem participação acionária em mais de 120 empresas em todos os elos da cadeia têxtil, fatura US$ 4 bi e representa em torno de 10% da capacidade de fiação instalada no país. De acordo com estatísticas do país, cerca de 60% das fiações são de capital estrangeiro (maioria Chinesa e Coreana), que segue agressivo na atração de novas indústrias.

De acordo com a principal entidade do setor (VITAS), existem mais de 16 mil empresas na área têxtil no país, que geram em torno de 3 milhões de empregos. O setor incentiva os acordos de livre comércio (já tem 15 assinados) e tem esperança de assinar um com o Mercosul em breve.

A missão ao Vietnã, composta por produtores e tradings de algodão, esteve em Hanói e Ho Chi Min City e envolveu a realização de dois grandes eventos com clientes, visitas a fiações, reuniões com empresários, dirigentes da estatal do setor têxtil (Vinatex), associações empresariais, embaixador do Brasil em Hanói, Centro de Tecnologia Têxtil e Ministério de Indústria e Comércio do país.

Cenário

A indústria têxtil do país passa por um momento delicado. Fiações operam em média com 40% de capacidade ociosa, sendo que algumas industrias focadas na exportação de fios para a China, no norte do país encontram-se fechadas devido à ausência de demanda e margens negativas.

O setor de fiações começou a ser afetado no primeiro semestre e o setor de confecções só começou a sentir os impactos da desaceleração nos últimos dois meses. Guerra, inflação e desaceleração econômica entre os fatores citados para a redução da demanda vinda dos seus principais mercados de produtos têxteis: EUA e Europa.

Segundo o governo local, no acumulado do ano, as exportações de têxteis do país ainda são maiores que no mesmo período do ano passado, mas alertam que a desaceleração começou a ser sentida somente neste bimestre. Há, entretanto, uma confiança que no primeiro semestre de 2023 a economia irá se recuperar e a indústria do país voltará a crescer em ritmo acelerado.

A confiança no país continua grande, uma vez que as indústrias estão capitalizadas com lucros recentes e continuam investindo. Além disso, o país continua atraindo investimentos industriais estrangeiros e o desenvolvimento de novas áreas industriais no país segue em ritmo acelerado, apesar do momento delicado. Política de atração de investimentos do país, mão de obra barata, moeda desvalorizada e deslocamento de indústrias da China são os fatores que devem continuar impulsionando o crescimento do país.

O Brasil foi recentemente ultrapassado pela Austrália nas exportações de algodão ao Vietnã. Com o boicote da China ao algodão da Austrália, o produto da Oceania tem sido oferecido a custos menores que o brasileiro e com menor prazo de entrega.

Apesar do Brasil já ser a terceira maior origem de algodão importado pelo país, ainda há muito desconhecimento sobre o produto brasileiro e seus atributos. A grande maioria das lideranças do setor que participou da agenda da missão não sabiam, por exemplo, que o Brasil faz análise de HVI fardo e disponibiliza os dados para checagem no site da Abrapa.

As principais reclamações sobre o algodão do Brasil se referem a preço e tempo de entrega (transit time). Reconhecem o enorme ganho de qualidade do algodão do Brasil nos últimos 10 anos e elogiam a qualidade. Alguns industriais relacionam o algodão do Brasil com caramelizarão/pegajosidade. Por fim, foi solicitado que o algodão do Brasil seja enfardado com fitas plásticas e não arames de aço, devido ao perigo de incêndios.

A agenda de atividades termina dia 30 de novembro, em Jacarta, na Indonésia. A Missão Vendedores é uma iniciativa conjunta da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).

Fonte: Agopa

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