O setor lácteo gaúcho ganhou uma nova ferramenta de embasamento para tomadas de decisão. A Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) divulgou, na manhã de quinta-feira (26), um conjunto de dados referentes ao setor em cinco áreas: vendas, compra de insumos, compras de bens de capital e valor adicionado. Dando seguimento a uma aproximação com o setor produtivo, o governo de Eduardo Leite comprometeu-se a realizar atualizações trimestrais e dialogar com o setor sobre os dados obtidos.
O levantamento indicou que a indústria láctea do Rio Grande do Sul alcançou R$ 16,87 bilhões em vendas nos últimos 12 meses. O total aponta um aumento de 6,6% em relação ao período anterior, quando foram alcançados R$ 15,82 bilhões na comercialização. Quanto ao destino, a maior parte da produção foi comercializada para outras unidades da federação (56,7%), enquanto as vendas internas restaram na segunda posição (41,3%) e as exportações em terceiro (2,0%). Mesmo com uma participação muito pequena, houve um crescimento superior a 300% nos valores exportados, de R$ 76 milhões para R$ 341 milhões nos últimos 36 meses.
Os dados da Sefaz expuseram em números a dificuldade criada pelo Fator de Ajuste de Fruição (FAF). Ao divulgar balanço de compra de parte dos insumos necessários para a industrialização, a Sefaz indicou que, nos últimos 12 meses, as aquisições representaram R$ 15,53 bilhões, com aumento de 4,8% quando comparado aos 12 meses anteriores, quando foram R$ 14,82 bilhões. O valor inclui diferentes insumos, entre eles itens como embalagens, onde indicou-se aquisições 100% fora do RS. "Precisamos fazer em outros estados a compra de insumos que não são produzidos no Rio Grande do Sul. Por isso o nosso pleito pela revisão do FAF”, argumentou o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini. O assunto já está sendo tratado pelo governo. Conforme o auditor fiscal Giovanni Padilha, coordenador do Desenvolve RS, está prevista para o dia 20 de fevereiro a divulgação de relatório com os reflexos do FAF, que servirá de base para o governo avançar na discussão da medida solicitada pelo setor lácteo.
O presidente do Sindilat, Guilherme Portella, destacou que a divulgação dos dados é essencial para embasar o desenvolvimento do setor. Dados esses que, garantiu ele, estão muito próximos aos que vinham sendo estimados pelas indústrias para definir suas ações. “Estamos aprofundando mais o olhar sobre o nosso setor através dessa estratificação dos dados, que vamos internalizar e estudar melhor. Um dos fatores principais para desenvolver a cadeia é entender o setor, suas potencialidades e fragilidades, e elaborar planos estruturados”, assinalou.
Participando do encontro, o primeiro vice-presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, reforçou a importância da parceria com a Fazenda para o amadurecimento da cadeia, através da percepção de oportunidades. “Para o nosso setor, olhar os números de forma transparente indica que acertamos nos caminhos e, daqui pra frente, devemos lidar com as oportunidades. Somos uma indústria de céu aberto, que trabalha com produtos perecíveis e que depende muito do consumo no mercado interno, onde precisamos ser competitivos”, reforçou.
Entre os principais produtos lácteos, do volume total de leite UHT consumido pelos gaúchos, 88,4% é produzido por indústrias no Rio Grande do Sul. Em seguida, estão os cremes e natas, com 95,9% da produção no estado, e o queijo mussarela, com 79,6% produzido por indústria gaúcha.
A iniciativa do governo está estruturada na Receita Estadual e tem como objetivo fortalecer a economia, através da análise de 17 setores produtivos.