O Paraná é o estado com mais adesões ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). Das 50 novas adesões formalizadas no dia 10 de julho, 34 são de municípios do Paraná, conforme informações da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan). Dessa forma, o Estado mantém o destaque com 160 municípios, o que corresponde, aproximadamente, a 40% das adesões ao Sisan em todo o território nacional.
PREFERÊNCIA - O secretário executivo do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) no Paraná, Valdenir Veloso Neto, explica que o município que adere ao Sisan tem preferência na destinação de recursos do Governo do Estado e do governo federal. Os municípios paranaenses com a adesão concluída pontuam mais para receber recursos para a construção de cozinhas ou panificadoras comunitárias, hortas comunitárias, central de recebimento de produtos da agricultura familiar, sacolões ou feiras livres.
De acordo com Veloso Neto, o Paraná lidera as adesões pelo amplo trabalho de mobilização feito nos últimos anos e pela estrutura da Secretaria da Agricultura no Interior. “Em cada regional os funcionários dos núcleos da Secretaria e os conselheiros do Consea que atuam na regional esclarecem as prefeituras sobre a importância na adesão”, explicou.
Para a Presidente do Consea Paraná, Roseli Pittner, a adesão ao Sisan é um dos caminhos de promover a cidadania. “Entendemos que possibilita o direito humano à alimentação adequada e saudável, garantindo a dignidade a todos”, afirma Roseli. “É, ainda, uma forma de cada município fortalecer suas ações de segurança alimentar e nutricional, melhorar as práticas alimentares, saudáveis, respeitando a diversidade cultural e social e melhorando a economia através de políticas públicas direcionadas”, afirma.
SISTEMA ÚNICO - O Sisan foi instituído em 2006 e é um sistema único, assim como o SUS (Sistema Único de Saúde) e SUAS (Sistema Único de Assistência Social). O objetivo central a consecução do direito humano à alimentação adequada e da segurança alimentar e nutricional da população, além de integrar União, estados e municípios na implementação de políticas públicas na área.
Outros objetivos são formular e implementar políticas e planos de segurança alimentar e nutricional, estimular a integração dos esforços entre governo e sociedade civil, promover o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação da segurança alimentar e nutricional no País.
A Caisan Paraná também continuará assessorando os municípios que ainda não aderiram ao Sisan para que façam parte do Sistema, uma vez que a meta é estar com todos os municípios paranaenses integrados oficialmente.
PLANOS MUNICIPAIS - Além disso, a Câmara realizará a análise dos Planos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional dos 160 municípios que já aderiram ao Sistema, verificando o período de vigência e o atingimento das metas.
BoxSegurança alimentar é mais visível no período da pandemia
O cuidado do Paraná com a segurança alimentar da população torna-se mais visível nesse momento de pandemia, com ações de garantia do acesso aos alimentos saudáveis. O Estado mantém distribuição de kits de alimentos para alunos vulneráveis pela Secretaria da Educação e Fundepar; Programa Leite das Crianças; Cartão Comida Boa e implantação do Programa Emergencial Compra Direta Paraná.
Para a diretora do Departamento de Segurança Alimentar (Desan) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Marcia Stolarski, a adesão dos municípios ao Sisan é fundamental para desenvolver políticas e reverter situações como obesidade, incentivo ao maior consumo de frutas e hortaliças e consequente redução no número de óbitos em decorrência de consumo inadequado de alimentos.
“Aquilo que comemos e o nosso estado nutricional podem provocar doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e diabetes”, alerta Stolarski. Ela lembra que a alimentação e o estado nutricional, incluindo o sobrepeso e a obesidade, também estão associados à pressão sanguínea elevada, altos níveis de colesterol no sangue e à resistência à insulina. Estas condições são não apenas fatores de risco, mas as causas principais de doenças crônicas não transmissíveis.
Além disso, Stolarski esclarece que a Covid-19 trouxe importantes aprendizados. “Hoje a população está mais exigente com a alimentação e com os cuidados com o meio ambiente, houve um resgate do hábito de cozinhar em casa e maior valorização das ações de segurança alimentar”.