Apesar de um relatório de oferta e demanda considerado neutro, o mercado da soja busca suporte na continuidade do clima adverso na Argentina e extremo sul do Brasil e opera em alta nos futuros de Chicago na manhã de quinta-feira, 09/02, com mais 8 cents, a U$ 15,28/março. Ontem, depois de muitas oscilações entre os dois campos, os preços fecharam com leves ganhos.
Apesar de números muito em linha com o esperado, o analista de mercado Camilo Motter, da Corretora Granoeste, de Cascavel/PR, destaca um ligeiro aumento dos estoques finais dos EUA, que são estimados em 6,13MT, acima do esperado e também acima da avaliação do mês passado. Isto é reflexo de algum corte no esmagamento por parte da indústria local.
O número mais esperado, no entanto, foi em relação a Argentina, que teve um corte de 4,5MT, para 41,0MT. No mês passado já havia tido um corte de 4,0MT. Em relação às projeções iniciais, o país vizinho já perde mais de 10,0MT em razão da grave crise hídrica que assola a região produtora.
Com as perdas na Argentina, a produção global cai cerca de 5,0MT, para 383,0MT; no ano passado foram 358,0MT. O consumo também acaba cedendo, avaliado agora em 376,4MT, queda de 3,0MT em relação às estimativas de janeiro; no ano passado o consumo total ficou em 362,1MT. Os estoques finais mundiais têm menor impacto e cedem cerca de 1,5MT, para 102,0MT; no final do ciclo anterior eram inventariadas 98,8MT.
Motter salienta que produção brasileira segue avaliada em 153,0MT, ante 129,5MT da safra passada. Já, as exportações sobem 1,0MT, para 92,0MT; na última estação foram de 79,1MT.
As importações chinesas se mantêm avaliadas em 96,0MT, ante 91,6MT do último ciclo. Em termos de produção local, a China passa a ter uma colheita ligeiramente superior a 20,0MT.
Em relação à Argentina, consultorias locais continuam revisando para baixo as estimativas produção de soja. A Bolsa de Rosário, em seu último boletim, estima uma colheita de 34,5MT, ante 37,0MT previstos no mês passado e 42,2MT colhidos na safra anterior.
A produção total, somada, de Brasil, Argentina e Paraguai está projetada pelo USDA, neste ano, em 204,0MT; no ano passado foram 177,6MT e no retrasado, 195,6MT.
Camilo informa que no mercado doméstico, os preços sinalizam terem encontrado um patamar mínimo para as negociações. A tendência é que possam ter algum ganho no decorrer. Os prêmios se mostram resistentes em cair abaixo dos atuais níveis; o câmbio se apresenta sensível às questões fiscais diante de um governo mais favorável ao aumento de gastos e a elevação dos preços de fretes estão bastante inseridos na formação de preços de interior. Lá fora, na CBOT, os preços encontram bom suporte na faixa dos U$ 15,00.
A pressão inicial da colheita vai se esvaindo, na medida em que existe atraso por excesso de umidade nos estados do Centro-Norte e falta de chuvas, notadamente no Rio Grande do Sul, onde as perdas vão se avolumando.