"O Brasil tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e utiliza tecnologias reconhecidas que ampliaram a sustentabilidade de sua produção agropecuária." Assim começa a nota oficial emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na tarde desta quarta-feira, 13 de janeiro. Segundo o MAPA, "a declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a soja brasileira mostra completo desconhecimento sobre o processo de cultivo do produto importado pelos franceses e leva desinformação a seus compatriotas."
O presidente da França, Emmanuel Macron, associou nesta terça-feira a soja do Brasil ao desmatamento da floresta amazônica e defendeu a produção da oleaginosa no continente europeu como alternativa. Em publicação no Twitter, ele afirmou que "continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia". "Somos consistentes com as nossas ambições ecológicas, lutamos para produzir soja na Europa!", escreveu ele na rede social.
O MAPA afirma que o Brasil é o maior produtor e exportador de soja do mundo, "abastecendo mais de 50 países com grãos, farelo e óleo". O MAPA também resslata que o Brasil detém domínio tecnológico para dobrar a atual produção com sustentabilidade, seja em áreas já utilizadas, seja recuperando pastagens degradadas, não necessitando de novas áreas. "Toda a produção nacional tem controle de origem", afirma a nota. E para concluir, afirma: "A soja brasileira, portanto, não exporta desmatamento".
Vice-presidente rebateu "Monsieur Macron"
O vice-presidente Hamilton Mourão já tinha rebatido na manhã desta quarta-feira as críticas feitas pelo presidente da França, que havia associado a soja brasileira ao desmatamento da floresta amazônica. Após dizer em francês que o mandatário daquele país não está bem, afirmou que ele desconhece a produção da oleaginosa no país e que essa produção é "ínfima" na Amazônia.
"Monsieur Macron ne pas bien (O senhor Macron não está bem)! Monsieur Macron desconhece a produção de soja no Brasil. Nossa produção de soja é feita no sul do país, a produção de soja na Amazônia é ínfima", disse Mourão, que o coordenador do Conselho Nacional da Amazônia.
Abiove se manifesta
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) rebateu as críticas de presidente francês afirmando que, "como bem sabe Macron", a soja produzida no bioma amazônico do Brasil é livre de desmatamento desde 2008, graças à Moratória da Soja. A entidade, que representa as principais tradings de soja no país, ressaltou que a moratória é uma iniciativa internacionalmente reconhecida, que monitora, identifica e bloqueia a aquisição da oleaginosa produzida em área desmatada no bioma, garantindo que existe risco zero do envio de soja de área desmatada (legal ou ilegal) deste bioma para mercados externos.