O fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico em sua faixa equatorial, desde a América do Sul até a Oceania, chegou ao fim depois de mais de 3 anos de atuação.
Em nota, o Climate Prediction Center (CPC) apontou que as condições oceânicas e atmosféricas são consistentes com a condição de Neutralidade, ou seja, quando não há aquecimento e nem resfriamento anômalo na faixa equatorial do Pacífico. Durante o mês de fevereiro o fenômeno La Niña foi se desconfigurando gradualmente, e o Pacífico apresentou tendência de aquecimento em todas as regiões monitoradas.
Destaca-se o Niño 1+2, que é a região mais próxima do continente, com desvio de +1,1°C nas temperaturas. Na região do Niño 3.4, que fica na porção central do Pacífico equatorial, por meio da qual é feito o cálculo do índice que define qual a fase do fenômeno, o desvio na temperatura foi de -0,2°C - o limiar para La Niña é -0,5°C ou mais frio.
Nesta quinta-feira (09), o International Research Institute for Climate and Society (IRI) atualizou a previsão para os próximos meses, com a probabilidade de ocorrência de La Niña, Neutralidade ou El Niño. Ao longo do outono de 2023 está mantida a maior probabilidade de permanência da fase neutra, com chance de 96% no trimestre março/abril/maio (MAM), e 83% no trimestre abril/maio/junho (AMJ).
Até o início do inverno as chances de neutralidade ainda são mais elevadas, porém o Pacífico equatorial já estará em aquecimento no decorrer dos meses do outono.
Em junho/julho/agosto (JJA), as chances de fase neutra e El Niño são praticamente iguais, com 49% e 48% respectivamente. Os modelos de previsão de longo prazo estão consistentes na tendência de aquecimento no Pacífico equatorial no segundo semestre de 2023.
Já em julho/agosto/setembro (JAS) a probabilidade de El Niño cresce para 56%, e segue aumentando até outubro/novembro/dezembro (OND), com 63% de chances de ocorrência do El Niño.
Se as tendências se mantiverem, o El Niño deverá se instalar efetivamente a partir do mês de julho.
Enquanto a La Niña traz como efeito maiores variações de temperatura no Sul e Sudeste, com viés de temperaturas menores do que o normal entre a primavera e o verão, além de mexer com o regime de precipitação nos extremos norte e sul do país - mais chuva no Norte e Nordeste, e chuvas mais irregulares com volumes menores na região Sul, o El Niño influencia de forma oposta com relação às chuvas.
Sobre grande parte da Amazônia e norte da região Nordeste os volumes de chuva tendem a ficar menores do que o normal, agravando os períodos de estiagem e impactando nas chuvas durante a quadra chuvosa da região Nordeste. Já na região Sul os acumulados normalmente ficam mais altos especialmente durante a primavera, inclusive com alta incidência de temporais.
Na região Sudeste, os maiores impactos são devido à menor frequência dos corredores de umidade, responsáveis por grande parte do volume de chuvas que cai durante o verão na região, além de tender a trazer maiores períodos de pausa nas chuvas durante o período úmido no leste da região.
As temperaturas também se elevam sobre quase todo o país, e o El Niño traz condições para primaveras e verões mais quentes em relação à média histórica.