Em 2024, muitas regiões do Brasil já estão sentindo as consequências do fenômeno climático La Niña – caracterizado pelo resfriamento atípico das águas do Oceano Pacífico na faixa equatorial, aumentando a ocorrência de ondas de calor.
E o principal efeito é um período de estiagem, que torna a época mais propensa aos incêndios. Por isso, é necessária uma maior atenção na prevenção por parte dos produtores rurais, evitando, assim, que o fogo cause estragos, tragédias e resulte em inúmeros prejuízos em suas fazendas, como vem acontecendo em muitos locais.
E cada vez mais o uso de implementos agrícolas como carregadores frontais e acessórios como concha, plaina, garfo enleirador e paleteira podem ser importantes aliados na prevenção de incêndios nas propriedades rurais. Segundo Paulo Nascimento, Diretor Operacional da fábrica de implementos Marispan, eles podem contribuir para manter a limpeza e a proteção das áreas de divisa, bem como do entorno da sede, dos maquinários e nas atividades na lavoura.
"Sem contar que esses acessórios evitam trabalhos braçais, proporcionando maior rapidez, praticidade e produtividade no dia a dia no campo, além de mais segurança e bem-estar aos trabalhadores", destaca o diretor da empresa localizada em Batatais, no interior paulista.
A chefe de Unidades de Conservação da Fundação Florestal do Estado de São Paulo, Alessandra Célia Pinezi, enfatiza que esses implementos e acessórios devem ser utilizados nas ações de prevenção e apenas eventualmente como técnica de combate, se precisar abrir uma nova linha de controle (aceiro) com o intuito de segurar o fogo que está vindo.
“Se tiver obstáculos no meio, será necessário retirá-los para abrir o aceiro, para isso pode ser utilizada a concha. Já numa área de capim baixo, com a plaina é possível ir empurrando. Além disso, o carregador frontal protege a frente do trator, evitando que o pneu seja atingido por pedras ou pedaços de madeira”.
“Abrir aceiros e fazer a manutenção são medidas fundamentais na prevenção de incêndios. Neste caso, a concha é ideal para remover a biomassa e a plaina para nivelar a estrada e aceiros. Já o garfo enleirador pode ser usado para tirar a palha e o excesso de resíduos de áreas produtivas críticas de lavouras e pastos, juntando tudo em leiras num local mais afastado e seguro”, orienta Alessandra Pinezi.
Um outro exemplo é o uso da paleteira para levar bombonas com água para o campo durante as atividades no período seco, assim, caso ocorra um princípio de incêndio, você terá um recurso mínimo e robusto para tentar eliminar o foco inicial.
Alessandra Célia Pinezi salienta que quando o assunto é incêndio florestal, é preciso se preparar. Ela e sua equipe fazem um planejamento para o ano todo e é o que ela recomenda para todos que vivem no ambiente rural.
Diferente das ações preventivas, na hora do fogo é preciso ter cautela e planejamento adequado no uso de implementos agrícolas, pois dependendo da situação, o fogo se espalha muito rapidamente e as máquinas agrícolas são mais lentas.
“Perto do fogo são utilizados veículos mais ágeis, por isso é mais indicado utilizar uma caminhonete com uma motobomba ou caminhão pipa, por exemplo. E onde esses veículos não conseguem acessar, o brigadista vai a pé com as ferramentas e EPIs adequados”, afirma Alessandra, que também é bióloga, especialista em Educação Ambiental e mestre em Engenharia Civil e Ambiental.
“De junho até outubro é a fase vermelha, quando há mais incidência de focos de incêndio. Realizamos então o monitoramento de todo o território, priorizamos as ações de resposta rápida nos combates aos incêndios florestais, intensificamos a fiscalização, reforçamos as ações de comunicação e realizamos ações de educação ambiental", afirma.
Segundo ela, de novembro a março é a fase verde. "Neste período, avaliamos a temporada, realizamos o planejamento da temporada seguinte e iniciamos as ações preventivas e de preparação", salienta.
Já entre abril e maio é a fase amarela, quando se intensificam as ações preventivas e de preparação e a ativação do Plano de Comunicação.
Ela conta ainda que a maioria dos incêndios é causada pela ação humana, seja por falta de informação, acidente ou por pura maldade, e que os incêndios acontecem quando há a junção de três elementos, conhecida como triângulo do fogo: a alta temperatura, a baixa umidade do ar e o material combustível.
“Dentro de áreas rurais, é comum as pessoas terem o hábito de queimar lixo e folhas e fazer fogueiras. Pode acontecer também de fagulhas de máquinas agrícolas ou do escapamento de carros terem contato com a palha seca ou outro material combustível e desencadear um incêndio. Outra causa é a rede elétrica arrebentar e cair sobre material inflamável”, explica a profissional.
Por isso, a prevenção é fundamental: com medidas simples, mas bem planejadas, é possível evitar que um pequeno foco de incêndio se torne uma tragédia ambiental e econômica para o produtor rural.
Alessandra enfatiza ainda que esses implementos e acessórios devem ser utilizados nas ações de prevenção e apenas eventualmente como técnica de combate, se precisar abrir uma nova linha de controle (aceiro) com o intuito de segurar o fogo que está vindo.
“Se tiver obstáculos no meio, será necessário retirá-los para abrir o aceiro, para isso pode ser utilizada a concha. Já numa área de capim baixo, com a plaina é possível ir empurrando. Além disso, o carregador frontal protege a frente do trator, evitando que o pneu seja atingido por pedras ou pedaços de madeira”.
Conforme explica a bióloga e especialista, diferente das ações preventivas, na hora do fogo é preciso ter cautela e planejamento adequado no uso de implementos agrícolas, pois dependendo da situação, o fogo se espalha muito rapidamente e as máquinas agrícolas são mais lentas.
“Perto do fogo são utilizados veículos mais ágeis, por isso é mais indicado utilizar uma caminhonete com uma motobomba ou caminhão pipa, por exemplo. E onde esses veículos não conseguem acessar, o brigadista vai a pé com as ferramentas e EPIs adequados”, afirma.
Recentemente, a fazenda da atriz Lúcia Veríssimo foi alvo de um incêndio resultado de uma ação criminosa, em Chiador, no interior de Minas Gerais. Conforme o registro do Corpo de Bombeiros, quando a equipe chegou, ela e o seu caseiro já estavam exaustos por tentarem combater as chamas e inalarem muita fumaça. Esse é apenas um exemplo do que pode ocorrer com quem tenta combater o fogo de frente, sem ter nenhum conhecimento técnico.
A especialista ressalta que para combater o fogo, utilizando as ferramentas e os EPI’s de forma correta, é imprescindível primeiro passar por treinamentos de combate a incêndios florestais e formação de brigadistas.
“É fundamental que a equipe da fazenda seja treinada. Nesses treinamentos, ensinamos sobre o comportamento do fogo e técnicas de combate aos incêndios, complementando depois com a parte prática. O brigadista aprende como analisar as condições climáticas, a intensidade do fogo, entre outros, para então saber qual a técnica mais adequada para o combate naquela situação e quais ferramentas usar. Outro ponto importante é que nunca se deve combater o fogo de frente, mas por trás dele ou lateralmente, usando sempre a área que já foi queimada”, enfatiza.
Segundo Alessandra, também é importante otimizar a logística, deixando as ferramentas da brigada, os EPI’s e os implementos agrícolas juntos, e as chaves em um local de fácil acesso e de conhecimento de todos.
“Os incêndios podem gerar inúmeros estragos, causando mortes de pessoas e de animais, prejuízos à saúde de todos, além de destruir lavouras e patrimônios, como casas, veículos e equipamentos, e provocar danos ao meio ambiente. Após o incêndio, os órgãos responsáveis fiscalizam a área e apuram as causas e se houve um culpado. Se ficar comprovado que houve um responsável, este terá que responder processos e estará sujeito a multas”, finaliza a chefe de Unidades de Conservação da Fundação Florestal, Alessandra Pinezi.
Para formar uma brigada de incêndio é fácil: basta procurar o Corpo de Bombeiros mais próximo ou outras instituições que atuam na área e solicitar um treinamento.