A notícia envolvendo o registro de dois casos de gripe aviária em aves silvestres nesta semana no Espírito Santo suscitou o temor do setor produtivo nacional. Na América do Sul, apenas o Brasil e o Paraguai ainda não havia registrado casos da doença.
A Organização Mundial da Saúde estima que, desde outubro de 2021, foram registrados mais de 42 milhões de casos de gripe aviária, por intermédio da infecção causada pelo vírus H5N1. O planeta vive um surto sem proporções e cientistas afirmam que essa será uma pandemia ainda maior do que a do novo coronavírus.
No período pesquisado pela OMS, cerca de 15 milhões de aves domésticas morreram como consequência da gripe e outras 193 milhões precisaram ser sacrificadas. É o maior surto de gripe aviária desde que ele foi identificado pela primeira vez, em 1996, na China e em Hong Kong.
Entretanto, a gripe aviária passou a ficar em evidência a partir de 2005, ano em que a mortalidade de frangos criados em granjas na Ásia, disparou. Naquela época, foram registrados episódios de infecção em seres humanos, devido ao contato direto com os animais doentes.
O surto tem tomado outra dimensão e deixando de ficar concentrado apenas na Ásia e na Europa. Esse aumento de circulação tem relação com as aves migratórias. De acordo com a estação do ano, elas se deslocam de um continente para o outro. Chegando ao destino, as aves infectadas acabam tendo contato com as espécies locais. O H5N1 é diferente de todos os outros vírus. Nas aves, causa uma infecção grave, com sintomas respiratórios, como pneumonia, e até sinais neurológicos.
Ainda em relação ao episódio no Espírito Santo, o gerente do Idaf (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo), Raoni Cipriano, disse em entrevista concedida ao Portal Rural News, de que forma as aves silvestres foram identificadas.
De acordo com ele, a primeira delas foi encontrada no dia 7 de maio caída em uma praia de Marataizes, no sul do Espírito Santo. A identificação do trinta-reis-bando, já debilitado, ocorreu coincidentemente por uma médica veterinária do próprio Idaf. Ela adotou todos os cuidados para recolher a ave da forma mais segura possível. Já a segunda ave, da mesma espécie, foi encontrada também caída um dia depois, sob um árvore no parque da Fazendinha, no Jardim Camburi, que fica a uma distancia de 2 km da praia, local de ampla circulação das aves. O recolhimento foi feito por técnicos do Instituto Caiman.
O secretário estadual da Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, destacou a agilidade das equipes de fiscalização na detecção e recolhimento das aves. Ele descartou neste momento qualquer risco de embargo ou sanção envolvendo a comercialização dos produtos avícolas do Brasil e para o exterior, por se tratar de casos envolvendo animais silvestres. “Vamos intensificar as medidas de proteção para que a doença na chegue aos aviários comerciais”, garantiu.