O período de desmama dos bezerros é um dos momentos que mais exigem cuidados na produção de gado de corte. Um manejo correto, suplementação mineral e vitamínica estratégica e planejamento sanitário, quando unidos aos investimentos na genética desses animais, podem gerar uma diferença de até duas arrobas no seu potencial de desempenho.
Quem explica é o médico-veterinário e gerente de Negócios Pecuária de Corte da Rehagro, Paulo Eugênio de Carvalho. “Considerando um mesmo rebanho, em que, estejam reunidos touros de boiada em um grupo e em um segundo utilizando inseminação com genética diferenciada, o resultado obtido é o ganho de até duas arrobas, certamente potencializado pela genética”.
Um aspecto relacionado à busca pelos melhores desempenhos dos bezerros é o momento do nascimento. Essa diferença pode ser observada entre um bezerro que nasceu no período chamado de “cedo” para outro nascido no “tarde”. “Não é incomum desmamar um bezerro que nasceu no ‘cedo’ com 240kg e ter um animal nascido no ‘tarde’ desmamando com 180kg”, detalha Carvalho.
Ele reforça que o controle preventivo também oferece mais condições para se atingir o potencial produtivo do gado, sem intercorrências sanitárias no período de desmame. Uma correta cura do umbigo, o bom manejo de maternidade e as avaliações para saber se o bezerro mamou o colostro na hora certa também são vitais neste período.
“Depois da maternidade, os primeiros desafios sanitários são as diarreias, controle de carrapato e pneumonia. É primordial ter eficiência na identificação desses sintomas, com diagnóstico rápido e sem deixar que esse bezerro entre em fase crônica. O ideal é começar o tratamento rápido para que o animal volte a ganhar peso novamente”, comenta o gerente de Negócios Pecuária de Corte da Rehagro.
Essa visão integrada sobre a desmama é importante para a produção do chamado “Boi Azul”, preconizado pela Biogénesis Bagó, que conecta os seis pilares da pecuária moderna – sanidade, genética, nutrição, sustentabilidade, gestão e bem-estar animal.
Por exigir muito das partes física e comportamental do animal, a desmama pode causar estresse no bezerro com o afastamento da vaca, o que pode afetar a imunidade e resultar em um quadro de desnutrição. Para evitar esse cenário, a alimentação correta e as suplementações mineral e vitamínica são imprescindíveis.
“É importante utilizar recursos para minimizar esse estresse, como a desmama lado a lado, com os animais divididos por cercas, acostumando os bezerros no final do período de aleitamento a comer a ração. Desta forma, na hora em que os animais forem apartados, eles terão ração disponível para continuar consumindo o produto com os macro e micro minerais necessários”, pontua Carvalho.
Ele relata que a vaca também sente o estresse quando é afastada do bezerro, o que pode refletir em uma próxima gestação. “No caso da vaca, é um pouco mais difícil de ser identificado. Geralmente, ela acaba perdendo escore corporal se retornar para perto bezerro. O ideal, é que a vaca já esteja encaminhada para uma nova gestação, pois o período de recuperação é muito pequeno e se ela perde condição corporal no momento de estresse, acaba se prejudicando porque vai parir mais magra, o que é muito ruim”, analisa o também médico-veterinário.
Carvalho aponta que o que tem também garantido a eficiência dos animais, minimizado o estresse é a realização do desmame quando os bezerros estão pesando metade do peso da vaca. Nesse contexto, existem vacas com pesagens menores que apresentam uma alta habilidade materna na comparação com fêmeas mais pesadas.
“Tenho visto no mercado vacas de tamanho menores com habilidade materna alta que conseguem desmamar bezerros pesados, passando dos 50% do peso dessa fêmea. Essas vacas apresentam boa produção de leite e estão parindo no momento certo, com eficiência”, acrescenta.
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Com vários tipos de desmama, que vão desde a convencional até o desmame precoce, o coordenador de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó, João Paulo Lollato, sinaliza que o melhor método é aquele que o produtor consegue garantir o bem-estar do animal, priorizando o manejo correto. “O que recomendamos é que o desmame seja feito entre o 7º e o 8º mês do bezerro, entre os meses de abril a julho, trabalhando com uma estrutura planejada, sem causar prejuízos à produção e, caso opte por trabalhar com desmame precoce, que organize a fazenda para que os bezerros tenham estrutura para enfrentar este desafio”, resume Lollato.
Ele também reitera que o planejamento sanitário desde a pré-desmama com investimentos em estratégias nutricionais, vacinação de clostridiose, botulismo e para problemas respiratórios, além da adoção do controle de parasitas são cruciais para garantir o bom desempenho do bezerro.
“Adotar algumas estratégias nutricionais, com um bom pasto, um creep-feeding bem feito, suplementação oral no cocho e a suplementação injetável de minerais e vitaminas para auxiliar tanto no desenvolvimento quanto no estresse que os animais irão passar no momento da desmama possibilitam a chance de se obter bezerros mais pesados, o que viabiliza que as fêmeas entrem na reprodução e os machos no cocho mais cedo”, conclui Lollato.