As frutas e as hortaliças desempenharão um papel fundamental na transformação dos sistemas agroalimentares pelo grande benefício que trazem para a saúde das pessoas na obtenção das dietas equilibradas cada vez mais exigidas pelos consumidores, e pela sua contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e rural dos países nas Américas.
Esta foi a conclusão a que chegaram os peritos internacionais e líderes da agroindústria convocados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em uma mesa-redonda que teve por objetivo divulgar conhecimentos atuais sobre o papel dos setores fruticultor e horticultor nos sistemas agroalimentares sustentáveis.
Do diálogo, moderado pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, participaram Cristián Allendes, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) do Chile; Miguel Curiel, vice-presidente e gerente geral da Driscolls no México; Jorge Sauma, gerente geral da Corporación Bananera Nacional (CORBANA) da Costa Rica; e A. G. Kawamura, ex-Secretário do Departamento de Alimentação e Agricultura da Califórnia (2003-2010) e atual proprietário-socio da Orange County Produce, LLC.
No evento, foram analisadas as contribuições dos produtores de frutas e hortaliças das Américas para as exportações mundiais e a segurança alimentar e nutricional global, em particular na promoção de dietas equilibradas, bem como o caminho a ser percorrido para se reconectar os consumidores modernos com os agricultores.
Também se fez um apelo ao reconhecimento da relevância do setor agrícola em todos os níveis, algo que a pandemia de Covid-19 já pôs em evidência.
"Os consumidores hoje buscam produtos com práticas agrícolas sustentáveis, com mais consciência daquilo que estão consumindo, e demandarão cada vez mais produtos frescos, como frutas e hortaliças. O nosso continente reúne, por experiência e climas, todas as características para atender a essas demandas", indicou Allendes.
Neste contexto, o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura do Chile ressaltou também o potencial produtor e agroexportador do continente americano. "Por exemplo, exportamos 52% das laranjas, 37% das abacaxis, 29% das maçãs, 58% das uvas de mesa, 32% das peras, 62% das cerejas e 60% das bananas do mundo", acrescentou.
No encontro, os especialistas enfatizaram que também é crucial que os setores frutícola e hortícola continuem avançando para uma produção mais sustentável, fazendo uso mais eficiente dos recursos naturais, aproveitando práticas baseadas na ciência e na adoção de novas tecnologias, garantindo aa rastreabilidade e a inocuidade dos produtos para a segurança do consumidor.
"Devemos reforçar e fazer uma produção sustentável de curto e longo prazo. Não podemos fazer isso sem apoio e coordenação com os governos. Hoje, diante da situação que a pandemia nos impôs, estamos vendo uma mudança, um aumento na consciência e na educação do consumidor para uma vida e consumo saudáveis, a tendência para uma dieta mais equilibrada, as pessoas preocupadas com a origem dos seus alimentos, de onde vêm e como são produzidos", observou o gerente geral da Driscolls no México, Miguel Curiel.
Os palestrantes também ressaltaram a transcendência dessa produção para as economias dos países quanto à geração de divisas e de empregos e aos aspectos positivos que o consumo de frutas e hortaliças implica.
"A banana é o primeiro objeto de exportação agrícola da Costa Rica, gera emprego nas zonas mais marginais, 140 mil empregos diretos e indiretos, e é fonte de fibra, serotonina, potássio, magnésio e lecitina. Em 2019, a América Latina e o Caribe responderam por 19% de todas as frutas produzidas no mundo. Com essa participação, têm muito por contribuir para a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a redução da fome, da pobreza e da mudança do clima, com técnicas de produção mais sustentáveis e uma agricultura moderna e responsável com o meio ambiente", assegurou o gerente geral da CORBANA, Jorge Sauma.
Durante a mesa-redonda, os palestrantes aprofundaram os principais desafios enfrentados na produção, como a mudança do clima, a necessidade de políticas públicas robustas e ferramentas de comunicação para aproximar e educar o consumidor, assinalando-se a importância desses setores, a sua contribuição social, econômica e ambiental, em que é muito relevante o papel dos agricultores como principais guardiões da biodiversidade.
Nessa conscientização, reconheceram que a academia desempenha um papel fundamental.
"Reconhecemos que precisamos de novos cultivos, novas variedades, diferentes tipos de sementes e plantas que tenham características como tolerância a seca, inundações ou calor. Estes são os desafios que sofremos agora. Precisamos de apoio forte da parte do governo para ajudar a comunidade agrícola e os produtores, em vez de ficarem nos apontando", comentou por sua vez o ex-Secretário do Departamento de Alimentação e Agricultura da Califórnia, Kawamura.
O Diretor Geral do IICA mencionou, nas conclusões do evento, que é hora de estarmos "unidos e defendermos uma agricultura que tem um futuro enorme para os nossos países como geradora de empregos e divisas para as exportações".
"Precisamos fazer a agricultura renascer. São tempos de desafios, de busca de consensos, de demonstrar ao mundo que temos uma agricultura que, com todas as suas falhas e todas as suas imperfeições, está de pé e disposta a cumprir o que toda a humanidade espera deste continente quanto à produção de alimentos. Sem nós, não há equação que feche para a segurança alimentar e nutricional", concluiu Manuel Otero.