Casos de cisticercose bovina registradas nos últimos anos no Paraná vem preocupando produtores rurais do Estado. O assunto foi um dos temas da reunião da CT de Bovinocultura de Corte da FAEP, realizada nesta quarta-feira (22).
O grupo prepara uma série de ações, com apoio de outras instituições como a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), para manter a doença longe dos rebanhos paranaenses.
Dados da Adapar mostram que os casos recuaram em 2022 em relação ao ano anterior, mas, ainda assim, o problema preocupa. Em 2021, o Paraná registrou 574 casos de cisticercose bovina, ante 325 animais contaminados no ano passado.
As ocorrências tiveram origem com maior incidência nas unidades regionais da Adapar de Jacarezinho, Umuarama, Ponta Grossa, Cornélio Procópio e Dois Vizinhos, segundo dados apresentados pela médica veterinária da entidade Marta Freitas, que é chefe da Divisão de Epidemiologia da Adapar.
Nos últimos meses, frigoríficos e cooperativas têm comunicado novos casos identificados em animais abatidos, o que pode indicar uma tendência de aumento da doença.
Para o presidente da Comissão Técnica, Rodolpho Botelho, as instituições e entidades precisam agir conjuntamente e de forma preventiva.
“Tanto autoridades sanitárias quanto de saúde pública têm que olhar para este problema, porque temos recebido cada vez mais registros. Temos produtores relatando o aumento da incidência [da doença] em abates no Norte, Noroeste, no Centro-Sul e no Sul do Estado”.
Rodolpho Botelho, presidente da Comissão Técnica da FAEP
Além da questão de sanitária e de saúde pública, a zoonose também pode causar prejuízos financeiros significativos a produtores. Um estudo científico mostra que, entre 2004 e 2008, a cisticercose bovina provocou prejuízo de R$ 119 milhões, em valores da época. O cálculo leva em conta as mais de 29 mil toneladas de carne bovina que tiveram que ser descartadas em razão da doença.
Os integrantes da CT da FAEP também assistiram a uma apresentação de Juliana Cequinel. Ela é bióloga da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria de Estado da Saúde.
Na apresentação ela contextualizou historicamente a incidência da cisticercose no Estado. A técnica observou que os casos tendem a se originar em locais com deficiência de saneamento básico e onde há falhas na educação em saúde.
“Os trabalhadores volantes são um problema, porque não temos como localizá-los para fazer a desvermenização”, disse Juliana. Ela aponta que isso contribui para a disseminação da doença. “É preciso investir em campanhas de educação em saúde e saneamento básico”, acrescentou.
“Institucionalmente, vamos cobrar as autoridades, a Seab [Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento] e os deputados, para envolvê-los nesse processo sanitário. É preciso haver regulamentação e orientação em relação ao tema”, apontou Botelho.
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