A participação do MST (Movimento Sem-Terra) no chamado Conselhão, que é o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, ligado ao governo federal, voltou a estremecer a já desgastada relação do atual governo do País como o setor do agronegócio.
A notícia ocorreu um dia depois do Banco do Brasil anunciar a retirada do patrocínio da Agrishow, uma das maiores feiras do agro da América Latina, realizada tradicionalmente em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Tudo começou após a retaliação ao evento, que teria desconvidado o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a participar da Agrishow, por conta da participação do ex-presidente da República e desafeto do atual governo, Jair Messias Bolsonaro. Essa “saia justa” culminou, inclusive, com o cancelamento da solenidade de abertura do evento.
A participação de membros do MST nesse conselho dificulta a proximidade da bancada ruralista no Congresso e afeta diretamente um diálogo com o Executivo. Criado em março, o Conselhão tem como propósito ser a ponte junto ao Executivo em assuntos relacionados às políticas públicas.
O vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Evair de Melo, do Espírito Santo, foi taxativo: “Não sentamos na mesma mesa que o MST e quem defende esse movimento terrorista”. O convite para que o MST fizesse parte do Conselhão partiu do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
O “desconvite” por parte da organização da Agrishow a Fávaro teria irritado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considerou o ato desrespeitoso. Conforme apurado, o ministro Fávaro faria anúncios importantes durante a Agrishow, ligados a linhas de crédito do Plano Safra, fato que ocorreu dias depois, em Brasília. Mesmo magoado, o ministro da Agricultura descartou qualquer possibilidade de respingar em políticas de incentivo ao produtor rural, por parte do atual governo.
Enquanto isso, a bancada ruralista cobra ações mais firmes do Ministério da Agricultura contra as invasões de terra promovidos pelo MST desde o início do ano. Em recente pronunciamento, Fávaro condenou as invasões ocorridas neste ano no Brasil. Ao todo, já são 33.
O presidente da FPA, deputado federal pelo Paraná, Pedro Lupion, disparou contra o governo federal. “Não tem nada por acaso, é método. São aliados de primeira hora. É o governo que protege esses bandidos”. A frase foi dita em alusão à presença do líder do MST, João Pedro Stédile, na comitiva presidencial presente com Lula na China.
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