Exposição contou com acordos para exportação de tecnologia, torneio leiteiro com recordes de produção e destaque para queijos artesanais mineiros
A 20ª edição da Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite (Megaleite) reafirmou a força da genética leiteira brasileira no cenário nacional e internacional. Realizada entre os dias 10 e 14 de junho, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte (MG), a feira contou com a presença de 1.500 animais das raças Girolando, Gir Leiteiro, Holandês, Guzerá, Guzolando e búfalos, além de movimentar cerca de R$ 300 milhões em negócios — um crescimento de 20% em relação ao ano passado.
A Associação Brasileira dos Criadores de Girolando informou que o valor movimentado incluiu vendas de bovinos, equipamentos, máquinas, produtos lácteos, serviços e outros itens agropecuários. Ao todo, foram realizados 11 leilões e shoppings — três a mais que na edição anterior. A exposição contou com 125 empresas participantes, incluindo as envolvidas na Feira do Queijo Artesanal de Minas, e recebeu um público de 90 mil pessoas.
Um dos destaques da feira foi a assinatura de acordos internacionais que reforçam o interesse de outros países pela genética do rebanho leiteiro brasileiro. A raça Girolando, por exemplo, passou a contar com avaliação genômica no Peru e no Equador, por meio de parceria entre a Associação Girolando, a Embrapa Gado de Leite e o Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG). As entidades Asocebu Peru e Asogyre passam a integrar o sistema brasileiro de avaliação.
Segundo Dicson Quijano, presidente da Asocebu Peru, a raça Girolando já se mostrou ideal para a pecuária leiteira peruana, principalmente em sistemas de produção a pasto. Já o presidente da Asogyre, Fabian Patrício, destacou que os criadores equatorianos agora terão maior precisão na seleção de vacas e touros. Delegações de diversos países, como Colômbia, Equador, Peru, Nicarágua, Costa Rica, México, Venezuela e Panamá, participaram da Megaleite.
Durante a feira, também foi assinado um protocolo de intenções entre a Girolando e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), visando à cooperação técnica e promoção do agronegócio brasileiro no exterior. Segundo o presidente da Girolando, Domício Arruda, a demanda externa pela raça Girolando tem aumentado, impulsionada pelo reconhecimento do Brasil como área livre de aftosa sem vacinação. Ele ressaltou que há possibilidade de exportar sêmen, embriões ou até animais vivos.
Na abertura oficial, também foi formalizada a doação de 24 mil litros de leite à entidade Servas, que distribuirá o alimento a instituições sociais cadastradas em Minas Gerais ao longo dos próximos 12 meses. A ação contou com apoio da Girolando, Itambé, CCPR Participações S.A. e Faemg.
A feira ainda foi palco do 34º Torneio Leiteiro da raça Girolando, que registrou recordes. A vaca Brenda FIV da Centrogen, de Rafael Lacerda de Rezende, foi a Grande Campeã de Produção Absoluta, com média de 106,060 kg/dia e produção total de 318,180 kg. A Reservada Grande Campeã foi Luxúria FIV Teatro SJ Lalu, com 315,110 kg no total e média de 105,037 kg/dia. Luxúria também foi a Grande Campeã de Composição do Leite. Já entre as vacas CCG 1/4, Letícia Teatro 3842 FIV Bandoli, do expositor Felipe Gimenes G. Raunheitti Gomes, quebrou o recorde da categoria com 167,530 kg/leite — marca que não era superada desde 2017.
As pistas também revelaram as grandes campeãs da raça Girolando. Na categoria CCG 1/4, o título ficou com Joia FIV Gabinete Serra do Luar, dos expositores Jean Vic Mesabarba e Aguiar Arrabal de Macedo Vicente. Na CCG 1/2, venceu a Fazenda Solomon Cafarnaum, de Bruno Gomes Meirelles. Na CCG 3/4, a campeã foi Terapia FIV King Doc SJ Lalu, de Luiz Cláudio Bastos de Moura e Karla Salgado R. de Moura. A Grande Campeã Girolando foi ICH V6009 Lapa Czar, do expositor José Renato Chiari.
Outro destaque da Megaleite 2025 foi o lançamento da nova mascote da raça, batizada de “Girolinda”, com 75,7% dos votos do público. A ação buscou criar vínculo entre a nova geração e a raça Girolando, incentivando a formação de futuros criadores.
As atividades voltadas para o público infantil incluíram o Clubinho Girolando — curso que ensinou crianças a cuidar e apresentar animais em exposições — e uma mini fazenda com ovelhas, cabras, coelhos e pôneis, que recebeu visitas de escolas públicas e privadas em um tour educativo.
A programação técnica também foi intensa, com cursos sobre morfologia da raça Girolando, melhoramento genético e produção de queijos, além de palestras sobre pecuária leiteira. Durante o evento, foram lançados o Sumário de Touros e Fêmeas Girolando 2025 e o Anuário do Leite da Embrapa.
Fechando a programação, o Festival do Queijo Artesanal de Minas atraiu o público com degustações de queijos com diferentes sabores, texturas e maturações, além de outros produtos artesanais.