O presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, afirmou que, com as boas notícias em relação ao clima, é possível esperar que o Sul seja responsável por mais de 50% da produção de feijão no Brasil, em 2022.
Os efeitos do fenômeno La Niña
O fenômeno La Niña é resultado do resfriamento anormal das águas do Pacífico e provoca alterações na circulação geral da atmosfera. Logo, seus efeitos têm grande impacto na agricultura, já que há um aumento no volume das chuvas no Norte e no Nordeste, apresentando secas e temperaturas bastante elevadas na Região Sul do Brasil.
Neste ano, de acordo com a Agência Americana de Meteorologia e Oceanografia (NOAA), o fenômeno deve permanecer forte até o outono. Então, os agricultores precisam se preparar para utilizar métodos alternativos a fim de não desperdiçar água nas culturas que ainda estão se recuperando da seca.
Região Sul deve produzir 54% da safra de feijão
Mesmo com previsões de efeitos fortes do La Niña até o segundo semestre deste ano, o Sul do Brasil pode contar com a sorte, já que as notícias sobre o clima foram boas neste começo de ano.
Lüders afirma que a próxima safra de feijão deve se beneficiar com as boas previsões de tempo para os meses seguintes — já que o calor deve dar uma trégua, e as chuvas vão ser uniformes na Região Sul.
Sendo assim, se tudo sair como o esperado, o plantio de feijão no Sul do Brasil deverá deslanchar rapidamente, e a região será responsável por 54% da produção da segunda safra em 2022.
Contudo, os agricultores que ainda estão semeando a lavoura devem ficar atentos, pois há a previsão de calor excessivo para fevereiro, que — se for confirmada — poderá comprometer parte da produção.
Épocas de plantio de feijão
Para garantir o equilíbrio e o abastecimento, o feijão é cultivado em três momentos diferentes durante o ano, a depender da região do plantio e das características climáticas dela.
Então, essas três etapas são: a primeira safra, também conhecida como safra das águas; a segunda safra ou safra da seca; e a terceira safra, conhecida como safra de inverno. Entenda um pouco mais delas a seguir.
A safra das águas
Cultivada nas Regiões Sul e Sudeste, além da Bahia e de Goiás, a primeira safra de feijão acontece entre outubro e dezembro. Essas épocas são marcadas por grandes períodos de chuva e altas temperaturas, que ocasionam baixa produtividade do feijão, uma vez que ele perde grande parte das flores e das vagens.
A safra da seca
Realizada nas Regiões Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil, a safra da seca é semeada de janeiro a março e colhida de abril a julho. Ela tem esse nome porque, na fase de floração e de enchimento das vagens, há um grande período de seca, que também contribui para a perda de parte da produção.
A safra de inverno
Semeada em Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Bahia, essa safra acontece de maio a outubro e surgiu como uma alternativa para manter o preço do feijão mais estável. A terceira safra acontece em áreas propícias à irrigação e é uma das mais produtivas do ano, pois não sofre muito atraso na germinação, no desenvolvimento e no abortamento de flores, grãos e vagens.