Estoques cheios e clima no radar deixam o mercado de feijão em ritmo lento, com preços ajustando conforme qualidade e região
O mercado de feijão no Brasil apresentou, entre os dias 26 de setembro e 3 de outubro, queda de liquidez e recuo nos preços, segundo dados do Indicador Cepea/CNA. Além disso, o cenário foi influenciado principalmente pelo desinteresse momentâneo dos compradores, já abastecidos para o curto prazo, e pela presença crescente de lotes com menor qualidade, especialmente no feijão carioca.
A indústria, com estoques confortáveis, reduziu as compras à espera de um aquecimento nas vendas. Além disso, a oferta de grãos de menor calibre (peneira 12) e afetados pela umidade pressionou negativamente as cotações. Em Barreiras (BA), a saca caiu 2,17%, para R$ 225,42.
As negociações para lotes de qualidade média seguiram restritas, e os preços variaram conforme a avaliação da mercadoria. Por exemplo, as quedas mais expressivas ocorreram no noroeste de Minas (-3,18%, R$ 230,36/sc) e no Sul Goiano (-2,41%, R$ 219,09/sc).
Após valorização expressiva em setembro, o feijão preto iniciou outubro com ajustes negativos pontuais. Porém, acumula alta de 11,3% no mês, a maior desde abril. Em Curitiba (PR), a saca recuou 2,9%, para R$ 159,07.
O assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, destaca que o plantio da primeira safra de feijão 2025/2026 já alcança 12,8% da área prevista, com destaque para Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Enquanto isso, em São Paulo, o desenvolvimento das lavouras depende fortemente da irrigação devido à falta de chuvas. A colheita deve começar entre o fim de outubro e novembro.
“As atenções agora se voltam para o clima, já que outubro tende a registrar maior volume de precipitações em várias regiões, enquanto o fenômeno La Niña pode reduzir as chuvas no Sul e aumentá-las no Norte, impactando o desempenho da safra”, pontua Pereira.