Sistema FAEP cobra do governo federal ampliação do crédito rural diante de perdas climáticas
Produtores paranaenses pedem ampliação de crédito e liberação de recursos do seguro rural diante dos prejuízos climáticos
Eventos climáticos agravam endividamento no campo e motivam pedido de crédito ampliado. Foto: Sistema FAEP / Divulgação
O Sistema FAEP, em parceria com outras entidades do setor agropecuário do Paraná, enviou nesta sexta-feira (7) um ofício ao governo federal solicitando a ampliação do crédito para amortização de dívidas de produtores afetados por eventos climáticos. O documento também pede a liberação imediata dos valores de subvenção ao prêmio do seguro rural, já contratados e ainda não repassados às seguradoras, para evitar cobranças indevidas aos produtores.
Além do Sistema FAEP, assinam o ofício a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), o Sistema Ocepar, a Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) e a União de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Paraná (Unicafes Paraná).
Segundo o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, os últimos anos têm sido desafiadores para o campo.
“O Paraná vem enfrentando quebras de safra e, somente em novembro deste ano, cinco regiões registraram danos em lavouras e estruturas por causa de temporais. Além disso, os custos de produção elevados, preços estagnados e baixa produtividade têm dificultado a negociação dos produtores com as instituições financeiras”, destacou.
Restrições e impactos da Resolução 5.247
O Sistema FAEP alerta que a Resolução 5.247 do Conselho Monetário Nacional (CMN) impôs restrições ao acesso de crédito rural. No Paraná, apenas 129 dos 399 municípios (32%) se enquadram nas condições previstas.
A normativa limita o crédito de agricultores e pecuaristas endividados, ao exigir perda mínima de produtividade agrícola para enquadramento. Contudo, o texto desconsidera fatores externos que afetam determinados setores, bem como as perdas acumuladas ao longo das safras.
Outro ponto de preocupação é que eventos climáticos recentes, como os temporais registrados em cinco regiões do estado, não estão contemplados pela resolução, que abrange apenas perdas ocorridas entre 1º de julho de 2020 e 30 de junho de 2025.
“Nosso pedido é para que o governo federal libere rapidamente os valores de subvenção do seguro rural. Isso evita que os produtores sejam cobrados e garante que o auxílio chegue a quem mais precisa, com o mínimo de burocracia”, afirmou o presidente interino do Sistema FAEP.
Crise no leite agrava endividamento no campo
O documento também aborda o agravamento da crise no setor leiteiro do Paraná e de outras regiões do país. Atualmente, o valor pago pela matéria-prima não cobre os custos de produção, segundo a Câmara Técnica do Conseleite Paraná. Essa defasagem coloca milhares de produtores em situação de prejuízo e ameaça a sustentabilidade da atividade.
O cenário afeta principalmente pequenas e médias propriedades, responsáveis pela maior parte da produção estadual. Muitos produtores tentam compensar a queda de renda aumentando o volume produzido, o que, paradoxalmente, amplia a oferta e pressiona ainda mais os preços.
“No Paraná, o leite sustenta a economia de centenas de municípios, mas o endividamento cresce em larga escala. O setor enfrenta queda de preços, aumento dos custos, concorrência com importados e falta de políticas públicas estruturantes. Precisamos de medidas urgentes e eficazes para amparar os produtores”, concluiu Meneguette.
