Produtores rurais ficam preocupados com Plano Brasil Soberano, alerta Faesp, que pede negociação com EUA e segurança alimentar
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, demonstrou preocupação com o Plano Brasil Soberano, anunciado pelo governo federal. Segundo ele, é essencial reforçar a negociação com os Estados Unidos. Além disso, produtos perecíveis devem ser redirecionados para programas de segurança alimentar, como a merenda escolar. Dessa forma, evita-se perdas significativas.
Embora a oferta de crédito do plano possa aliviar problemas de fluxo de caixa, a elevada taxa de juros no Brasil torna o endividamento arriscado. Além disso, em um setor com ciclos longos e sujeito a volatilidades climáticas e de mercado, o custo do capital caro compromete a rentabilidade e aumenta a exposição a riscos financeiros.
Meirelles também alertou para a falta de diplomacia do governo. “Não podemos aceitar altas tarifas que inviabilizam investimentos em estradas e armazenamento. Portanto, é preciso separar política da economia e buscar soluções que não penalizem os produtores, pilar da economia nacional”, disse.
Além disso, o endividamento com juros elevados pode gerar efeito de “bola de neve” caso as exportações sofram queda prolongada devido às barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos. Assim, margens mais apertadas dificultam o pagamento das parcelas e acumulam passivos. Consequentemente, isso prejudica a capacidade de investir e modernizar a produção.
O presidente da Faesp ressaltou que essa incerteza ameaça a competitividade do agronegócio a médio e longo prazo. Portanto, recursos destinados ao pagamento de dívidas reduzem a capacidade de adoção de tecnologias, inovação e práticas sustentáveis. Isso é essencial para atender às exigências do mercado internacional.
“Precisamos urgentemente de uma reforma administrativa para diminuir os juros. Temos a segunda maior taxa do mundo, perdendo apenas para a Turquia. Isso impacta os investimentos no campo e a vida dos produtores rurais”, concluiu Meirelles.