Governo suspende lista de espécies invasoras após pressão do setor
Decisão evita impactos econômicos imediatos para produtores e mantém diálogo com o setor agropecuário
Suspensão da lista de espécies invasoras evita impactos econômicos e sociais. Foto: Sistema FAEP / Divulgação
O governo federal suspendeu o processo que incluiria a tilápia e outras culturas na lista nacional de espécies exóticas invasoras. A decisão foi tomada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), após forte mobilização do setor produtivo. Assim, a análise só retornará depois da avaliação das contribuições enviadas pela agricultura, pecuária e indústria, incluindo o Sistema FAEP.
O presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, avaliou a suspensão como uma medida racional. Segundo ele, a proposta avançava de forma precipitada. “A tilápia, por exemplo, é cultivada há mais de 25 anos com autorização ambiental e em condições controladas. Portanto, interromper o processo atende ao que defendemos e garante segurança aos produtores rurais”, afirmou.
A proposta inicial sugeria incluir cultivos amplamente consolidados no Brasil, como tilápia, carpa, bagre, goiaba, limão, manga, espinafre, inhame, amora e até mesmo crustáceos como caranguejo e siri. Caso a inclusão acontecesse, os efeitos poderiam ser significativos.
Meneguette destacou, ainda, que o Paraná se tornou referência nacional em manejo sustentável da piscicultura, e esse avanço vem sendo reconhecido internacionalmente. “Rotular essas atividades como invasoras poderia trazer sérias consequências econômicas e sociais para milhares de produtores, além de elevar o preço dos alimentos para os consumidores”, reforçou.
Impacto econômico e social
Os números demonstram a importância do setor. Apenas em 2024, a tilapicultura movimentou R$ 1,8 bilhão e gerou cerca de US$ 34,7 milhões em exportações. O Paraná responde por 36% da produção nacional e lidera os embarques ao mercado internacional. Nos últimos dois anos, o valor da produção estadual de tilápia subiu 94%, enquanto o volume exportado cresceu 68%.
Além disso, o impacto seria ainda maior, já que frutas como limão, manga e goiaba também têm participação relevante nas exportações do estado.
Do ponto de vista social, o Sistema FAEP alerta que os pequenos produtores seriam os mais prejudicados. Muitos deles dependem diretamente da piscicultura para garantir renda e emprego no meio rural. Regras mais restritivas poderiam limitar a atividade e comprometer o sustento de milhares de famílias.
