Impulsionadas pelas vendas do complexo soja e do fumo, as exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul somaram US$ 16,2 bilhões em 2023, alta de 0,1% na comparação com o ano anterior. O resultado é, pelo terceiro ano seguido, o maior valor nominal (sem considerar a inflação) da série histórica iniciada em 1997 e representa 72,7% das exportações totais do Estado no ano. Em termos absolutos, a alta nas vendas ao exterior do segmento foi de US$ 16,9 milhões e o valor total correspondeu a 72,7% das exportações gerais do estado.
Soja
Principal cultura do agronegócio gaúcho, a soja teve seu desempenho nas exportações do ano sustentado pela alta nas vendas da soja em grão (total de US$ 4,05 bilhões; +22,6%) e do farelo de soja (total de US$ 1,80 bilhão; +22,2%), enquanto o óleo de soja (total de US$ 468,01 milhões; -39,8%) registrou queda.
Fumo
No segmento de fumo e seus produtos, a alta registrada na exportação de fumo não manufaturado (total de US$ 2,29 bilhões; +15,1%) contrasta com a tendência de queda na produção interna. "Há uma tendência crescente de internalização do processamento de fumo de outros estados em fumageiras estabelecidas no Rio Grande do Sul, que têm a produção, posteriormente, embarcada no Porto de Rio Grande. Esse movimento destaca que o desempenho exportador do setor no Estado não depende exclusivamente da nossa produção interna", analisou Leusin.
Carnes
No setor de carnes, a redução nas vendas foi motivada pelas quedas na carne de frango (total de US$ 1,45 bilhão; -3,9%) e na carne bovina (total de US$ 293,38 milhões; -33,8%), com redução ainda nos preços médios de todos os produtos do segmento. Nos produtos florestais, a queda mais relevante foi registrada na celulose, principal produto do setor (total de US$ 832,63 milhões; -31,2%), afetada pela diminuição nos preços internacionais ao longo do ano, demanda mais fraca nos principais mercados, estoques elevados e também pela parada de 25 dias na principal planta de processamento de celulose do Rio Grande do Sul, realizada para modernização do espaço.Cereais e derivados - Nos cereais e derivados, o trigo – após um ano acima das expectativas em 2022, com safra recorde e vendas impulsionadas por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia – registrou queda de 30,9% nas exportações (total de US$ 645,61 milhões). "Além da significativa redução da produtividade, a qualidade dos grãos foi severamente impactada pelo excesso de chuvas, o que resultou em um percentual reduzido da produção que alcançou o padrão de qualidade necessária para a produção de farinhas", avaliou o pesquisador do DEE/SPGG.Entre os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho, a China foi a responsável por 31,2% do total das vendas do Estado em 2023, uma alta de 9% em relação ao ano anterior. O destaque foi para as aquisições de soja em grão – o país asiático adquiriu 85,5% do total embarcado pelo RS. Na sequência da lista dos principais compradores, ficaram a União Europeia (14,4% do total), Estados Unidos (4,9%), Vietnã (4,2%) e Indonésia (2,9%).