Novamente o mercado volta suas preocupações para o conflito entre Rússia e Ucrânia. A notícia de que um possível corredor marítimo autorizado pela Rússia para o escoamento dos produtos agrícolas ucranianos afetou todo o mercado. Os futuros do trigo negociados no pregão desta terça-feira, dia 31, na Bolsa de Chicago caíram mais de 6%, seguidos por um recuo superior a 3% do milho e da soja.
O corredor, apesar de não confirmado, ganhou ares de grande probabilidade com a conversa entre os presidentes da Turquia, Tayyip Erdogan, e da Rússia, Vladimir Putin. Esse possível corredor já vinha sido trabalhado por representantes da ONU (Organização das Nações Unidas) e especialistas em logística. Os técnicos alertam para consequências muito graves dos bloqueios russos aos portos ucranianos para as nações que dependem da importação desses alimentos.
O bloqueio das estruturas portuárias ucranianas foram uma das primeiras ações da Rússia na Guerra. Esse bloqueio afetou todas as estruturas portuárias da Ucrânia no Mar Negro, que banha não só a Ucrânia, mas também a Rússia, a Georgia, a Turquia, a Bulgária e a Romênia. Com isso, a oferta global de milho, trigo, óleo de girassol, mais cereais e fertilizantes ficaram comprometidas, o que levou a uma disparada nos preços. Os custos logísticos encareceram no mundo todo e com menos rotas aumentou o valor dos seguros dos navios que circulam na região, agravando o cenário.
Essa logística de guerra vai precisar que a União Europeia reduza a burocracia em suas fronteiras. A Turquia terá que criar uma zona de exclusão militar para que as empresas de seguro voltem a atuar junto aos donos de navios no carregamento de grãos nos portos da Ucrânia. Segundo cálculos da ONU há cerca de 45 milhões de pessoas passando fome no mundo, situação que se agrava a cada dia que passa. 50 países dependem dos grãos da Ucrânia.
A guerra de desinformação sobre a criação desse corredor só deixa o mercado mais nervoso a cada dia que passa. Desde janeiro somente nos futuros do trigo negociados na Bolsa de Chicago, por exemplo, as altas passam de 50%. O início do conflito foi o fator que faltava para que o mercado, que já vinha em crise, explodisse e alcançasse preços historicamente altos. Não só na bolsa de Chicago, mas em todas as bolsas internacionais o movimento dos preços foi semelhante.
