Reconhecimento sanitário do Brasil fortalece exportações e trânsito animal no Paraná
Com o país livre de febre aftosa sem vacinação, Paraná amplia acesso a mercados internacionais e facilita transporte de animais

Certificação do Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação fortalece exportações e movimentação animal no Paraná. Foto: José Fernando Ogura/AEN

O Brasil foi oficialmente reconhecido como território livre de febre aftosa sem vacinação. A certificação foi anunciada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) após ser concedida durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), realizada em maio, na França. O Paraná, que já possui esse status há quatro anos, será diretamente beneficiado com a decisão, ganhando maior segurança nas negociações e no transporte de animais.
A partir desta segunda-feira (16), animais suscetíveis à febre aftosa poderão transitar em todo o território nacional, desde que acompanhados da documentação sanitária exigida. Até então, o trânsito era limitado aos estados de Acre, Rondônia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, além de municípios do Amazonas e Mato Grosso.
Segundo Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a mudança elimina restrições que impediam a entrada de bovinos de estados como São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no Paraná, mesmo após a interrupção da vacinação.
A certificação também abre portas para novos mercados internacionais. Países como Japão e Coreia do Sul exigem o status sanitário para firmar acordos comerciais envolvendo proteína animal. Maira Polatti Tomaz Sypniewski, da Divisão de Controle da Rastreabilidade Animal da Adapar, destaca que todo o país agora possui a mesma condição sanitária, mas reforça que a entrada de animais ainda depende do cumprimento das exigências legais, como a apresentação da Guia de Trânsito Animal e demais documentos.
Além de ganhos comerciais, o reconhecimento representa uma significativa economia. Com o fim da vacinação, cerca de 244 milhões de animais deixarão de ser imunizados, o que pode gerar uma economia de aproximadamente R$ 500 milhões, segundo o Mapa. O Paraná é o maior exportador de proteína animal do país, o que reforça a relevância do controle sanitário para manter a competitividade.
Com a nova fase, aumentam os desafios relacionados à fiscalização. Serão necessárias ações de vigilância ativa, atualizações dos rebanhos e habilitação de frigoríficos para exportação, visando manter o padrão exigido por mercados internacionais.
A criação da Adapar, em 2011, foi essencial para o avanço da sanidade agropecuária no estado. A autarquia possui autonomia técnica e financeira, o que permitiu fortalecer a fiscalização e garantir a elevação dos padrões sanitários.
Desde 2019, o Paraná substituiu a campanha de vacinação contra a aftosa pela atualização anual de rebanhos. A rastreabilidade e a sanidade são asseguradas por meio de cadastro obrigatório em maio e junho. A estruturação de barreiras sanitárias nas divisas estaduais e um inquérito epidemiológico com coleta de sangue de quase 10 mil animais em 330 propriedades também foram fundamentais para a certificação obtida.
Recentemente, o Chile autorizou a importação de carne suína do Paraná, após a confirmação do status sanitário. O estado é o segundo maior produtor de suínos do Brasil, e a conquista abre novas oportunidades comerciais para o setor.
