CONFIRA A TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA:
Isso. A soja deu uma saltada nesses últimos dias, principalmente com esses primeiros dados que estão saindo de colheita aqui no Brasil, os primeiros dados. Então a gente está tendo uma alta momentânea da soja, mas a gente tem que lembrar agora que essa alta está vindo por causa dos primeiros dados da soja que foi ali plantada, que teve um grande estresse climático, seca, muito sol e chuva tardia.
Então ainda são números realmente fracos de plantio. Agora, a partir do momento que a colheita for apresentando, provavelmente essa alta não vai se sustentar, porque a gente tem uma grande safra na Argentina. A gente tem uma grande safra em outros países aqui da América do Sul. É que no montante total, o mercado vai acabar tendo mais ou menos a mesma quantidade de grãos disponível na América do Sul, que teve na última na última safra.
Então você acha que esse descolamento dos U$ 12 o bushel não vai se manter por muitos dias, né?
Realmente, essa boa safra argentina está fazendo diferença no mercado, não é Luís?
Sim, as 25 milhões de toneladas que eles vão ter a mais agora são o que vai cobrir o que a gente teve. Porque se você pensar nos dados oficiais ali entre Conab e USDA, assim, dos órgãos oficiais, a gente ainda vai ter uma safra equivalente, mais ou menos a do ano passado, né? Então a gente está tendo uma quebra em relação ao que foi plantado, não ao que ao que está sendo colhido.
Então, eles não vão precisar dessa quantidade de soja esse ano... Então a gente ainda vai ter essa sobra, essa sobra disponível no mercado. A gente ainda vai exportar mais ou menos a mesma quantidade de soja. Então, assim a gente não tem essa previsão. Eu não consigo enxergar no horizonte essa previsão de um preço maior, muito maior do que a própria soja. Eu acho que isso agora é um tiro curto que o mercado está dando
E o que a gente vê a questão do milho, que está se mantendo, ao contrário da soja... As previsões são que os preços se mantenham.
Então a disponibilidade do grão está muito grande e isso até um gancho. Ele está sendo o trigo. O milho está sendo um peso morto para o trigo. O trigo não está conseguindo reagir porque o milho está muito barato.
E essa é a previsão de algumas consultorias de uma possível quebra na produção brasileira de milho. Isso faz sentido para vocês"?
Faz, faz total. A safrinha de de milho vai começar atrasada. Então, assim, inevitavelmente a gente vai ter uma redução em relação ao ano que vem, da quantidade de milho que a gente teve em relação ao ano passado. Mas é mais ou menos a mesma coisa da soja. A gente vai ter uma produção menor que a do ano passado, mas a gente ainda tem muito grão disponível, os Estados Unidos tem muito grão disponível, o mundo tem muito grão disponível. Então a gente não consegue enxergar num horizonte próximo de curto, médio prazo, algum fator que não seja extraordinário, que faça um aumento do preço do milho.
E se olharmos mais a longo prazo, a gente vai ver uma previsão que o trigo ainda vai ser a melhor opção aí para o produtor rural esse ano, não é?
Sim, nós somos grandes defensores do trigo, mas é realmente assim para o pessoal que tem a opção de plantar o trigo esse ano vai ser uma boa opção, porque a nossa safra passada quebrou totalmente. A gente já não tem mais trigo de pão no Brasil, a gente está com um déficit muito grande. A gente vai ter que trazer trigo da Argentina. A gente é capaz de absorver 100% do trigo bom da Argentina disponível para exportação. Então é capaz da gente não ter essa disponibilidade toda. Entao tem que trazer dos Estados Unidos, tem que trazer do Chile. Então a gente pode acabar tendo essa disponibilidade e o trigo está num preço bom na hora da colheita aqui, né? Então hoje é mais lucrativo. Seria um pensamento melhor para o agricultor que pode substituir o milho pelo trigo, fazer essa substituição.
Muito bem, Luiz. Nós agradecemos muito a sua participação aqui. Sua primeira e excelente participação com a gente aqui no RuralNews...
Valeu! Obrigado.
Esperamos vocês outras vezes, estaremos aí consultando sempre nossos parceiros da TF, que são hoje os maiores especialistas em trigo no Brasil. Vamos dar crédito ao trabalho de vocês.
Obrigado! Palavras suas!
Muito bem, palavras minhas e do mercado. Então ficamos por aqui e voltamos a qualquer momento com novas notícias do mercado. Valeu e obrigado.