Clima seco e avanço do greening aumentam queda de frutos e reduzem a projeção da safra de laranja 2025/26 em SP e MG
A primeira reestimativa da safra de laranja 2025/26 no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro projeta 306,74 milhões de caixas de 40,8 kg. O volume representa redução de 2,5% frente à previsão de maio, que apontava 314,60 milhões de caixas. O Fundecitrus divulgou o levantamento nesta quarta-feira (10). O recuo ocorre devido ao avanço da severidade do greening e ao ritmo mais lento da colheita, fatores que aumentaram a queda de frutos.
Segundo a Climatempo, a precipitação média entre maio e agosto foi de 94 mm, 33% abaixo da média histórica. Apenas São José do Rio Preto registrou chuva acima do esperado. Mesmo assim, as precipitações de abril e junho garantiram umidade suficiente no solo.
Assim, o peso das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi permaneceu em 134 g (305 frutos por caixa). Outras variedades, como Valência Americana, Seleta, Pineapple e Alvorada, reduziram de 158 g (259 frutos por caixa) para 150 g (272 frutos por caixa). Já a Pera deve se beneficiar das chuvas de primavera e aumentar de 154 g (265 frutos por caixa) para 156 g (261 frutos por caixa). As variedades Valência, Folha Murcha e Natal mantiveram seus padrões médios. Dessa forma, o tamanho médio geral não sofreu alteração.
Até meados de agosto, os produtores colheram apenas 25% da safra. No mesmo período de 2024, o índice já estava em 50%. A colheita das variedades Hamlin, Westin e Rubi atingiu 68%, enquanto outras precoces chegaram a 75%. A Pera avançou apenas 17%. No caso das variedades tardias, a Valência e a Folha Murcha ficaram em 1%, e a Natal em 2%.
Esse atraso está ligado à concentração de frutos da segunda florada e à escolha de colher apenas no ponto ideal de maturação, visando garantir suco de melhor qualidade. No entanto, essa estratégia elevou a queda prematura, sobretudo em árvores mais afetadas pelo greening e pelo déficit hídrico.
A taxa de queda, inicialmente estimada em 20%, passou para 22%. Em regiões com maior incidência da doença, como Sul, Centro e Sudoeste, os números são ainda mais altos. Já no Norte e Noroeste, onde a incidência é menor, o índice ficou mais baixo.
O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, destacou que a severidade média do greening subiu de 19% em 2024 para 22,7% em 2025. Esse avanço reduziu o potencial produtivo em cerca de 35%. “O aumento dos sintomas nas árvores intensificou a queda prematura da fruta e determinou a revisão da safra”, afirmou.
A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) é conduzida pelo Fundecitrus em parceria com o professor aposentado da FCAV/Unesp José Carlos Barbosa.